Folha de S. Paulo


Brasileiro é vítima de ataque em Moçambique

Um pastor evangélico brasileiro foi vítima de um ataque atribuído ao grupo opositor Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) em Moçambique e está internado em um hospital em Beira, no centro do país.

O brasileiro, pastor da Igreja Mundial do Poder de Deus, estava em um comboio de 20 carros que se dirigia à capital, Maputo, para uma reunião religiosa.

O comboio foi atacado na manhã do dia 29 por um grupo de homens com armamentos pesados, supostamente integrantes da Renamo, ex-movimento rebelde.

O grupo recentemente disse que não reconhece mais o acordo de paz de 1992 com o governo, acendendo temores de retorno à guerra civil na ex-colônia portuguesa, que deixou 1 milhão de mortos.

Segundo o pastor Itamar Fernandes, brasileiro da Missão Internacional de Evangelização para o Interior da África que está ajudando o missionário, ele passou por uma cirurgia para retirada de uma bala da bacia. Mas hoje terá de passar por outra operação, porque foram achados estilhaços perto da coluna.

"Estamos preocupados, mas sabemos que a população não quer uma guerra", disse Fernandes à Folha.

Desde abril, ataques da Renamo causaram mortes de civis, policiais e soldados, e o exército está em busca do líder da oposição, Afonso Dhlakama.

O partido do presidente Armando Guebuza, a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), governa Moçambique desde a independência de Portugal, em 1975.

Desde o acordo de paz, a Frelimo venceu todas as eleições, e a Renamo acusa o partido de monopolizar o poder.

PRESENÇA BRASILEIRA

O pastor Fernandes afirmou que os brasileiros foram orientados a deixar o interior e as aldeias e se dirigir para as cidades. "Mas não é seguro fazer isso agora, há ataques, e muitas vezes não dá mais para sair."

O comboio atacado estava em uma estrada na cidade de Muxungue, na província de Sofala, epicentro das tensões.

Segundo Fernandes, o pastor atacado se chama Admilson e é casado com uma sul-africana.

Estima-se que 5.000 brasileiros vivam hoje em Moçambique. O país é um dos maiores destinos de investimentos brasileiros na África.

A Vale investiu US$ 2 bilhões no país. Também presentes com grandes negócios no país estão a Odebrecht e a Camargo Correa.

Nesta quinta-feira, milhares de moçambicanos protestaram em Maputo e duas outras cidades contra a ameaça de conflito armado. Uma onda de sequestros que tem como alvo moçambicanos ricos e de classe média está causando revolta na população.


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