Folha de S. Paulo


México fará investigação "exaustiva" para confirmar espionagem americana

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, ordenou uma investigação exaustiva para determinar se os Estados Unidos espionaram em 2012 políticos mexicanos, incluído o então presidente, Felipe Calderón, informou o governo nesta terça-feira.

Em mensagem aos jornalistas, o secretário de governo, Miguel Ángel Osorio Chong, destacou que a investigação deverá determinar se "existem evidências ou não sobre as versões" da espionagem, que também teria afetado Peña Nieto quando era candidato.

Também deverá estabelecer se "cidadãos ou funcionários públicos à época" participaram "intencionalmente, por omissão, negligência ou qualquer outro motivo em condutas que tivessem constituído algum tipo de violação à privacidade das comunicações do então governo federal".

A coordenação geral de delitos cibernéticos da Polícia Federal e o Centro de Pesquisa e Segurança Nacional (Cisen) estarão a cargo da investigação, cujas conclusões deverão determinar se houve espionagem e "em caso positivo que sejam atribuídas as responsabilidades", apontou.

"Seguiremos todas as linhas de investigação possíveis", acrescentou Osorio Chong, após lembrar que em diferentes momentos o governo mexicano "expressou por vias diplomáticas sua preocupação e condenação desses atos".

A investigação se somará às "diversas ações de ordem diplomática que já foram informadas pelo próprio secretário de Relações Exteriores, José Antônio Meade, hoje em Genebra", indicou.

O chanceler anunciou que convocará o embaixador dos EUA no México, Anthony Wayne, para "exigir que informem" ao governo sobre os avanços da investigação sobre a espionagem.

Além disso, pediu ao governo dos Estados Unidos que amplie a investigação sobre estes casos de espionagem, à luz das novas informações que apontam Calderón (2006-2012) como alvo dessas atividades.

A revista alemã "Der Spiegel" publicou no fim de semana, citando documentos do ex-analista da CIA Edward Snowden, que a Agência de Segurança Nacional americana (NSA) acessou ilegalmente em 2010 o e-mail do então presidente mexicano.

Estas informações se somam às publicadas em setembro - também originadas do vazamento de Snowden - que apontavam que Peña Nieto tinha sido objeto de espionagem em 2012 quando era candidato à presidência e também depois de eleito.

Osorio Chong destacou hoje que desde o início da administração, em dezembro, "foram revisados e reforçados os mecanismos de segurança das comunicações de voz e dados, assim como as redes de software e sistemas de codificação e encriptação utilizados pelo presidente e em todas as áreas de segurança do governo".


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