Folha de S. Paulo


México pede explicação a Washington sobre espionagem de ex-presidente

O governo do México condenou uma suposta espionagem do governo dos Estados Unidos e exigiu uma explicação depois que a revista alemã "Der Spiegel" informou que o serviço de inteligência americano investigou o e-mail do ex-presidente Felipe Calderón (2006-2012).

De acordo com a revista alemã, a NSA (Agência Nacional de Segurança americana) "espionou sistematicamente e durante anos o governo mexicano".

"O governo do México reitera a categórica condenação à violação da privacidade das comunicações das instituições e cidadãos mexicanos", afirma um comunicado da chancelaria mexicana.

"Esta prática é inaceitável, ilegítima e contrária ao direito mexicano e ao direito internacional", destaca a nota do ministério das Relações Exteriores.

O comunicado destaca um pedido de investigação às autoridades americanas, que deverá ser "concluída rapidamente".

Em maio de 2010, a NSA "explorou com êxito uma chave de servidor de correio eletrônico na rede da presidência mexicana (...) para obter, pela primeira vez, aceso à conta pública de correio eletrônico do (então) presidente Felipe Calderón", afirma a "Der Spiegel", que atribui a missão a um departamento chamado Operação de Acesso Customizada (TAO, em inglês).

O site da revista cita um documento secreto revelado por Edward Snowden, ex-funcionário da agência americana acusado de espionagem por Washington e asilado na Rússia.

HISTÓRICO

Essa nova descoberta de espionagem estremece ainda mais a relação entre os governos dos EUA e do México, que já havia sido abalada no início de setembro, quando uma reportagem do "Fantástico", da Rede Globo, denunciou que a NSA monitorava o presidente mexicano Enrique Peña Nieto em 2012, época em que era candidato ao cargo.

Na mesma reportagem, o "Fantástico" mostrou que as comunicações da presidente Dilma Rousseff e seus assessores também eram monitoradas. Por causa disso, a brasileira decidiu cancelar uma visita de Estado que faria ao presidente americano, Barack Obama, neste mês.

No caso do México, o próprio presidente Barack Obama se comprometeu, em setembro, a realizar uma investigação exaustiva.


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