Folha de S. Paulo


Contra fome, religiosos liberam consumo de gatos, cachorros e burros na Síria

Em meio à calamidade humanitária trazida pela insurgência e repressão na Síria, autoridades islâmicas decretaram que é religiosamente permitido alimentar-se de cães, gatos e outros animais.

A fatwa, um decreto religioso, foi emitida durante o fim de semana no campo de refugiados palestinos de Yarmuk, em Damasco, de acordo com reportagem do jornal "Al-Sharq al-Awsat".

Não foi possível verificar a informação de maneira independente, mas a notícia não é isolada. No ano passado, decisão semelhante havia permitido a ingestão de animais na cidade síria de Homs.

O campo de refugiados de Yarmuk está localizado em uma região da capital sob sítio, no fogo cruzado entre rebeldes e tropas do ditador Bashar al-Assad.

Com bloqueios, não é possível a entrada de mantimentos, razão citada na fatwa.

Há, também, aumento no preço dos alimentos. Segundo o "Al-Sharq al-Awsat", os três primeiros cães foram mortos no fim de semana.

Diante da situação extrema, clérigos sírios reforçaram ontem o pedido para que haja ajuda humanitária à região. "Como o mundo dorme de barriga cheia enquanto há pessoas famintas?", afirmou um líder religioso em uma transmissão pela TV.

De acordo com a rede Al Arabiya, a posição é apoiada por diversos clérigos e estudiosos da lei islâmica. Líderes em Damasco fizeram menção aos peregrinos em Meca, durante o ritual anual, enquanto "há pessoas morrendo de fome" na Síria.

"Vocês estão esperando que vamos comer a carne dos nossos mártires?" afirmou um dos clérigos.


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