Folha de S. Paulo


Homem que levou a Al Qaeda ao Afeganistão concorre à Presidência

O homem responsável por ter levado a rede terrorista Al Qaeda para o Afeganistão anunciou nesta quinta-feira que estava concorrendo para presidente, uma decisão que deve ser recebida com apreensão pela comunidade internacional.

O presidente Hamid Karzai está proibido de disputar a eleição pela Constituição, e o novo governo é visto como uma oportunidade de afastar o país de anos de alegações prejudiciais de corrupção e má administração.

"Hoje eu me candidato a fim de servir a meus compatriotas e minha nação --quero estar ao lado dos verdadeiros servidores do Afeganistão", disse Abdul Rassoul Sayyaf à Reuters minutos antes de se registrar nos escritórios da Comissão Eleitoral Independente de Cabul.

Omar Sobhani/Reuters
Afegão Abdul Rassoul Sayyaf (centro) conversa com seus apoiadores antes de se registrar como candidato às eleições para presidente
Afegão Abdul Rassoul Sayyaf (centro) conversa com seus apoiadores antes de se registrar como candidato às eleições

No próximo ano, milhões de afegãos votarão no que está sendo vista como a eleição mais importante desde que a guerra liderada pelos Estados Unidos contra o Taleban afegão começou, 12 anos atrás.

A Otan e os EUA também estão pressionando por uma votação convincente antes da saída de dezenas de milhares de soldados estrangeiros até o final do próximo ano.

Diplomatas ocidentais falaram anteriormente à Reuters sobre seus temores com relação à indicação de Sayyaf, devido a suas opiniões profundamente conservadoras com relação aos direitos das mulheres e as liberdades sociais, e seus profundos laços com o islã militante.

O grupo insurgente filipino Abu Sayyaf foi batizado em sua homenagem e ele foi mencionado nos relatórios da comissão de 11 de setembro como "mentor" de Khalid Sheikh Muhammad, o arquiteto dos ataques de 11 de setembro de 2001.

Um acadêmico islâmico conservador, Sayyaf dirigiu campos de treinamento paramilitares no Afeganistão e Paquistão nos anos 1980 e 1990, e foi ali que conheceu Osama bin Laden.

Em 1996, Sayyaf ajudou Bin Laden a voltar para o Afeganistão depois de ele ter sido expulso do Sudão. Bin Laden ficou no país sob a proteção do Taleban até a invasão liderada pelos norte-americanos, no final de 2001.


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