Folha de S. Paulo


Diálogo com Irã deve ser baseado em ações, diz Kerry

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse nesta quinta-feira que os EUA esperam engajar-se com o novo governo do Irã, mas antes Teerã deve provar sua determinação em pôr fim ao impasse sobre o programa de armas nucleares.

Se o Irã pretende ser pacífico, "eu acredito que há um jeito de chegar lá", disse Kerry em uma entrevista à imprensa em Tóquio, depois de uma reunião com ministros da Defesa e de Relações Exteriores dos Estados Unidos e Japão.

Kerry expressou esperanças de que o engajamento com o presidente Hassan Rouhani possa ser bem-sucedido. As discussões podem ser baseadas em um série de passos que garantam que "nós temos certeza sobre o que está acontecendo", disse Kerry.

Em uma ofensiva na semana passada na ONU, em Nova York, o Irã expressou vontade de resolver a disputa que já dura 10 anos com os EUA sobre o programa nuclear da República Islâmica. A iniciativa levou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a chamar o presidente iraniano de "lobo em pele de cordeiro".

Sobre as preocupações de Netanyahu em relação às conversas entre EUA e Irã, Kerry disse: "Nós mantemos firme a determinação de que a segurança de Israel permanece suprema."

Kerry negou especulações de que os EUA estariam sendo operados pelo Irã.

"Não há nada aqui a ser tomado pelo valor de face e nós deixamos isso claro", afirmou Kerry. "O presidente disse, e eu afirmei, que palavras não farão a diferença, mas ações, e as ações claramente vão ter de ser suficientes."

Os EUA, Israel e outros países acusam o Irã de usar seu programa nuclear para tentar desenvolver a capacidade de produzir armas. O Irã diz que o programa é para fins pacíficos apenas.

"Seria uma má prática diplomática da pior ordem" para os Estados Unidos não explorarem oportunidades, disse Kerry, que se reuniu com o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, na semana passada na Organização das Nações Unidas (ONU), a reunião com oficiais do mais alto nível entre os EUA e o Irã em mais de três décadas.

"Nós vamos observar com muito, muito cuidado isso. Nós esperamos que funcione, porque acreditamos que o mundo pode ser melhor", disse Kerry.

"Um país que genuinamente quer ter um programa pacífico não tem dificuldades em mostrar que de fato é pacífico, portanto deve ser capaz de fazê-lo", acrescentou.


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