Folha de S. Paulo


Alunos nigerianos foram separados em grupos antes de serem mortos em ataque

Testemunhas do ataque a uma faculdade da Nigéria, que deixou ao menos 42 mortos, dizem que algumas das vítimas estavam dormindo e outras foram levadas para fora do local antes de serem assassinadas.

O ataque ocorreu na Faculdade de Agricultura de Gubja (a 30 km de Damataru, capital do Estado de Yobe). Os assassinatos são atribuídos ao grupo islamita Boko Haram, que reivindica a criação de um Estado islâmico no norte da Nigéria, majoritariamente muçulmano. Eles têm feito ataques a instituições de ensino que não seguem os preceitos do Islã.

Homens armados matam 42 alunos que dormiam em faculdade na Nigéria
Naufrágio mata ao menos 42 pessoas na Nigéria

"Eles começaram a juntar os estudantes em grupos fora [do campus], abriram fogo e mataram uma turma, e então foram para outro grupo e os mataram. Foi horrível", afirmou Idris, um estudante que sobreviveu ao ataque.

Havia corpos nos dormitórios, salas de aula e fora da faculdade, de acordo com funcionários da instituição.

O presidente do país, Goodluck Jonathan, descreveu o ataque como "criação do demônio" e sugeriu que é o momento de mudar as táticas contra os rebeldes, sem entrar em detalhes.

ATAQUES A FACULDADES

O Estado de Yobe tem sido palco de violentos ataques nos últimos meses contra instituições de ensino que não seguem os preceitos do Islã, todos imputados ao Boko Haram.

O pior ataque aconteceu em julho na cidade de Mamudo, onde islamitas lançaram explosivos e dispararam contra os estudantes, matando 41 pessoas.

O Boko Haram --cujo nome significa "a educação ocidental é pecado"-- reivindicou nos últimos quatro anos uma série de ataques contra escolas e universidades.

Em junho, os insurgentes mataram sete alunos e dois professores em Damataru.

Yobe é um dos três Estados dos noroeste da Nigéria onde o Exército realiza uma ofensiva desde meados de maio contra o grupo de insurgentes.

Segundo o exército, os recentes ataques contra estabelecimentos escolares mostram o "desespero" do grupo islamita, que "só é capaz de atacar alvos fáceis".

O ministério da Defesa havia dito que a ofensiva de maio contra o Boko Haram havia "dizimado o grupo" e dispersado seus membros. Contudo, o sucesso da ofensiva militar é duvidoso.

As ligações telefônicas foram cortadas em grande parte da região, impedindo os civis alertarem as autoridades em caso de ataque.

Os telefones não funcionam em Gubja. Nesta região, os atentados contra igrejas, principalmente durante a missa de domingo, se tornaram frequentes.

Os ataques do grupo extremista e a repressão das forças de segurança deixaram ao menos 3.600 mortos desde 2009, segundo a ONG Human Rights Watch.


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