Folha de S. Paulo


Fortalecida por vitória, Merkel reafirma suas políticas para crise na zona do euro

Fortalecida pela reeleição para o terceiro mandato, a chanceler alemã Angela Merkel disse ontem que não fará alterações em suas políticas ante a crise na zona do euro.

"Nada vai mudar nas diretrizes da nossa política para a Europa. Elas vão continuar com o mesmo espírito", afirmou Merkel, em Berlim.

A conservadora já começou as conversas para construir uma nova "grande coalizão" com o SPD (Partido Social-Democrata), do candidato derrotado Peer Steinbrück.

A sigla de centro-esquerda pediu tempo até sexta-feira, quando seus dirigentes se reunirão para discutir a ideia. "Isso não é um processo automático", disse o presidente do partido, Sigmar Gabriel, depois de conversar com Merkel por telefone.

A crise do euro deve ser um dos pontos de maior atrito. Durante toda a campanha, o SPD defendeu que a Alemanha amplie a ajuda financeira aos parceiros em apuros.
Se a negociação fracassar, Merkel tem como plano B uma aliança com os Verdes.

Em seu melhor resultado em 20 anos, o grupo político de Merkel ficou a apenas cinco cadeiras de conquistar a maioria absoluta das cadeiras do Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão.

O bloco CDU (União Democrata Cristã) e CSU (União Social Cristã) terá 311 das 630 vagas (49,3% do total).

A segunda maior bancada será do SPD, com 192 deputados. A Esquerda terá 64 deputados, e os Verdes, 63.

A sigla FDP (Partido Liberal-Democrata), que integra a atual coalizão de centro-direita de Merkel, teve só 4,8% dos votos e não poderá voltar ao Bundestag devido à regra que exige mínimo de 5%.

RESISTÊNCIAS

A cúpula social-democrata terá que vencer resistências internas antes de formar uma nova "grande coalizão".

As duas legendas rivais já se aliaram no primeiro mandato de Merkel, entre 2005 e 2009, quando Steinbrück foi ministro das Finanças.

Na eleição seguinte, o SPD teve seu pior desempenho nas urnas desde a Segunda Guerra Mundial.

"Essa coalizão fez muito mal para nós. Prefiro que o partido fique na oposição a passar mais quatro anos recebendo ordens de Merkel", disse à Folha o aposentado Luis Neumann, 80, em comício na última quinta-feira.


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