Folha de S. Paulo


Merkel se diz aberta a negociação com social-democratas e verdes

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta segunda-feira que conversou com os adversários do Partido Social-Democrata (SPD, em alemão) para tentar formar uma coalizão e conseguir a maioria do Parlamento. No entanto, não descartou conversar com outros partidos, como os Verdes.

Após a eleição geral do último domingo (22), a chefe de governo germânica ficou a cinco cadeiras de obter a maioria na Câmara baixa do Parlamento alemão, o Bundestag. O bloco conservador formado pela CDU (União Democrata Cristã) e a CSU (União Social Cristã) terá 311 vagas.

Michael Kappeler/Efe
Em entrevista coletiva, Angela Merkel diz que seu partido negocia com social-democratas e pode dialogar com verdes
Em entrevista coletiva, Angela Merkel diz que seu partido negocia com social-democratas e pode dialogar com verdes

Isso significa um aumento de 61 deputados em relação à legislatura atual, eleita em 2009. O Bundestag terá 630 assentos nos próximos quatro anos. A segunda maior bancada será do SPD, com 192 cadeiras (crescimento de 46).

O Partido de Esquerda terá 64 deputados (redução de 12), e os Verdes, 63 (redução de cinco). Caso consiga a coalizão, Merkel chegará ao terceiro mandato, marca alcançada apenas por Konrad Adenauer (1949-1963) e Helmut Köhl (1982-1998).

Em entrevista coletiva, a chanceler afirmou ter conversado com o presidente do SPD, Sigmar Gabriel, quem confirmou a intenção de seu partido de se reunir na sexta (27) para discutir o apoio aos conservadores. No entanto, Merkel não excluiu o diálogo com outros grupos, como os Verdes.

"Nós conservadores temos o encargo claro de formar um governo e a Alemanha precisa de um governo estável e vamos cumprir essa responsabilidade".

Editoria de Arte/Folhapress

UE

Para ela, os resultados eleitorais alemães mostram que não há necessidade da mudança da política germânica para a União Europeia, que é alvo de críticas dos países mais afetados pela crise financeira na região, como Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia.

"Nossa política europeia impulsiona a integração e, desde o ponto de vista da CDU, não há motivo algum para mudá-la".

Mesmo tendo dito que seu partido não mudará de posição em relação à União Europeia, uma coalizão com os social-democratas poderia aumentar a flexibilidade da política econômica, marcada pelos cortes de gastos e outras impopulares medidas de austeridade.

Para o ministro de Relações Europeias da França, Thierry Repentin, a união da CDU de Merkel com o SPD poderia aproximar os dois países, que têm visões opostas para solucionar a crise europeia. "Talvez uma grande coalizão (...) incluirá na política alemã elementos que se conjugam com o que defendemos na França".

As relações entre Paris e Berlim pioraram após a chegada de Hollande ao governo, em 2012. O francês, que vem do Partido Socialista, defende mais medidas para o incentivo ao consumo e menor aperto orçamentário, o que é recusado pelo partido de Merkel.

Com informações de BERNARDO MELLO FRANCO, enviado especial a Berlim.


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