No final da campanha alemã, uma polêmica ligada à pedofilia abalou o Partido Verde e pode ter eliminado as últimas chances da centro-esquerda contra Angela Merkel.
Um dos líderes da sigla, Jürgen Trittin, reconheceu ter assinado um panfleto em 1981 que defendia a descriminalização de práticas sexuais entre adultos e crianças "ocorridas sem uso da força".
O documento foi descoberto pelo historiador Franz Walter e obrigou Trittin a se retratar, afirmando que a ideia sustentada há 32 anos é "totalmente inaceitável" hoje.
O caso veio à tona em maio, mas ganhou força nas últimos dias ao ser explorado pelo governo de centro-direita e pela imprensa alemã.
O resultado é uma hemorragia nas intenções de voto nos Verdes, que chegaram a 28% em 2011, após o desastre nuclear de Fukushima. Nesta semana, a sigla caiu pela primeira vez para números de um dígito, entre 8% e 9%.
A sigla anunciou investigação do caso, mas Trittin foi mantido no cargo, em decisão que tem produzido efeitos desastrosos para o partido.
Analistas dizem que outros erros estratégicos, como a defesa de um "dia vegetariano" na Alemanha, contribuíram para a queda nas sondagens.
Um bom desempenho dos Verdes era a principal aposta do candidato do SPD a chanceler, Peer Steinbrück, para bater Merkel neste domingo.
Esta não é a primeira vez em que uma figura de peso do Partido Verde alemão se envolve com suspeitas de apoio à pedofilia no passado.
Há 12 anos, o jornal britânico "The Observer" resgatou um livro de 1975 em que o eurodeputado Daniel Cohn-Bendit descrevia relações de teor erótico com alunos de um jardim de infância.
Ele dizia que as crianças tinham curiosidade em tocar seu corpo. Questionado, o ex-líder estudantil alegou que na época queria atingir a burguesia alemã e afirmou nunca ter sido um pedófilo.