O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, afirmou nesta quarta-feira à Folha, por e-mail, que a decisão da presidente Dilma Rousseff de cancelar a visita a Washington foi um "importante ato simbólico".
Assange disse, porém, que a medida deveria ser seguida por outras iniciativas, como a concessão de asilo à jornalista britânica Sarah Harrison, que integra a equipe do WikiLeaks.
Segundo ele, Sarah, que está em Moscou, não pode retornar ao Reino Unido por causa de seu envolvimento com os pedidos de asilo do ex-técnico da CIA Edward Snowden.
À noite, Assange, asilado na embaixada equatoriana em Londres, participou por vídeo-conferência de um seminário sobre "Liberdade, privacidade e o futuro da internet" em São Paulo.
Voltou a defender asilo para Sarah, "que já viveu e gosta do Brasil", argumentando ser "uma oportunidade para o país pegar a bandeira dos direitos humanos que os EUA deixaram cair".
Por outro lado, criticou propostas brasileiras de reação à espionagem americana, como a criação de uma governança global para a internet, que Dilma deverá levar à ONU, na semana que vem.
Disse ser "interessante", para o país se proteger do monitoramento por outro governo, mas "perigosa". E perguntou: "Será que realmente queremos um governo no controle da internet?".
O mesmo vale para outra proposta, de manter no Brasil e não nos EUA os dados coletados pelas empresas de tecnologia. A resposta, disse, não é armazenar em outro lugar e sim "não coletar".