Folha de S. Paulo


Irã manda libertar ao menos 11 prisioneiros políticos

O Irã libertou nesta quarta-feira ao menos 11 presos políticos, num aparente gesto de abertura por parte do presidente Hasan Rowhani, eleito em junho com a promessa de permitir maiores liberdades civis e individuais.

A iniciativa surge às vésperas da primeira participação de Rowhani na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, onde fará, no dia 24, um dos mais esperados discursos do encontro.

Entre os libertados está a advogada e militante de direitos humanos Nasrin Sotoudeh, 49, condenada em 2010 a seis anos de prisão por supostamente espalhar propaganda contra o regime e atentar contra a segurança nacional. A advogada havia defendido vários oposicionistas perseguidos.

Behrouz Mehri/AFP
Nasrin Sotoudeh reecontra seu marido, Reza Khandan, seu filho Nima (E) e sua filha Mehraveh (D) em sua casa em Terã em 18 de setembro
Nasrin Sotoudeh com seu marido, Reza Khandan, seu filho Nima e sua filha Mehraveh em sua casa em Terã, em 18 de setembro

Vencedora do prêmio Sakharov de direitos humanos no ano passado, Sotoudeh trabalhava no escritório de outra advogada premiada por sua luta por liberdade política no Irã, a Nobel da Paz (2003) Shirin Ebadi, que hoje vive fora do país.

A libertação de Sotoudeh foi confirmada por seu marido Reza Khandan. "Não é uma permissão para sair, é liberdade. Eles as puseram no carro e a deixaram em casa", disse à agência Reuters. "Estamos todos tão felizes do fundo do coração, mas esperamos que todos os presos [políticos] sejam libertados", afirmou.

Khandan disse que as autoridades não explicaram porque sua mulher foi liberada. Ela passou a maior parte do tempo encarcerada na prisão de Evin, situada numa montanha num bairro ao norte de Teerã.

Também foi libertado o ex-vice-chanceler Mohsen Aminzadeh, detido em 2009 por apoiar protestos contra a reeleição supostamente fraudulenta do conservador Mahmoud Ahmadinejad à Presidência.

No entanto, os mais conhecidos presos políticos iranianos, os líderes reformistas Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karoubi, continuam em prisão domiciliar desde 2011. Mas o regime abrandou as condições de detenção dos dois ex-candidatos derrotados no pleito de 2009, que haviam liderado megaprotestos anti-Ahmadinejad.


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