Folha de S. Paulo


Operação para desvirar Costa Concordia vai durar a madrugada inteira, dizem técnicos

Equipes de engenharia começaram nesta segunda-feira a erguer o navio Costa Concordia, que naufragou em frente à ilha italiana de Giglio em 2012, numa operação avaliada em R$ 1,8 bilhão que seguiria noite e madrugada adentro.

"[O trabalho] prosseguirá durante toda a noite", disse o responsável da Proteção Civil, Franco Gabrielli.

O gigantesco casco de 114,5 mil toneladas estava inclinado a 65 graus desde que bateu em rochas no fundo do mar em 13 de janeiro do ano passado, após manobra arriscada do capitão, que está sendo julgado pelo acidente. O transatlântico de luxo levava cerca de 4.000 passageiros e tripulantes, dos quais 32 morreram. Dois dos corpos das vítimas seguem desaparecidos.

A operação começou por volta das 9h locais (5h em Brasília), três horas após o previsto por causa de uma tempestade que atingiu a região durante a madrugada. Após nove horas, era possível ver uma faixa de um metro do casco que estava submerso, coberto de musgo. Às 14h em Brasília, a inclinação do navio de cruzeiro de 290 metros de comprimento havia girado 13 graus.

A ação, programada para durar 12 horas, não enfrentou dificuldades, mas acabou se estendendo. "O navio está completamente separado das rochas. A tensão tende a diminuir, como esperávamos. Estamos na fase de tração e controle. Ainda temos muito caminho pela frente se não ocorrer nada inesperado", disse, em entrevista a jornalistas, Sergio Girotto, um dos responsáveis pelo projeto.

SEGURO E PROCESSO

O processo para endireitar o navio começou no ano passado, quando uma equipe internacional com cerca de 500 engenheiros começou a estabilizar a embarcação, com a instalação de tanques laterais que servirão de contrapeso.

Finalizada a fase de estabilização do navio, foi construído um fundo falso sobre o qual o navio descansará após sua fase de rotação para evitar seu afundamento. A instalação dessas estruturas levou um ano para ser feita.

A operação de "parbuckling" é uma fase muito delicada, na qual as forças têm que ser compensadas para evitar a deformação ou rompimento do casco. Quando o navio estiver na posição vertical, serão instaladas outras 15 boias estabilizadoras, iguais as já instaladas na parte esquerda do casco.

Após o término desse trabalho, que deve terminar no início de 2014, o navio será rebocado para um estaleiro onde será desmontado.

Os engenheiros se dizem confiantes no sucesso da operação, embora o processo nunca tenha sido tentado sob condições tão difíceis em um barco desse tamanho.
A operação, levada a cabo por uma empresa americana e uma italiana, é considerada o maior resgate marítimo da história e consumirá mais da metade do seguro pago pelo acidente (o equivalente a R$ 2,5 bilhões).

Por causa do valor, o resgate está sendo monitorado de perto por seguradoras marítimas, já que eventuais problemas poderiam ter impacto significativo sobre os contratos de seguro no futuro para cruzeiros e navio de carga.

Editoria de Arte/Folhapress
O resgate do Costa Concordia
O resgate do Costa Concordia

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