Folha de S. Paulo


Chanceler brasileiro diz que é hora de investir na diplomacia na Síria

O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, elogiou nesta segunda-feira (16) acordo entre Rússia e Estados Unidos para entrega de armas químicas da Síria, e defendeu a continuidade de uma via diplomática para a solução do conflito, iniciado em 2011.

EUA, França e Reino Unido já cobraram hoje "fortes" consequências para o governo da Síria --como uma ação militar-- caso o acordo não seja cumprido.

"Cabe a nós todos apoiar esse esforço, porque a hora é de investir na diplomacia para a busca de uma paz duradoura. É a hora também de abandonar qualquer plano de intervenção militar estrangeira, que só agravaria a situação", disse Figueiredo em coletiva de imprensa.

Ele disse ainda que os últimos desdobramentos sobre a situação no país podem romper o "imobilismo" do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o conflito na Síria, que já provocou a morte de cerca de 100 mil pessoas.

O chanceler brasileiro afirmou que a situação hoje no país é "efetivamente catastrófica do ponto de vista humanitário" e defendeu a interrupção do fluxo de armas para o país.

ARMAMENTOS CONVENCIONAIS

Figueiredo ponderou que hoje há uma "grande escalada de uso de armamentos convencionais" e defendeu uma ação do conselho de segurança da ONU sobre o tema.

"Nós defendemos a cessação imediata do fluxo de armas para a Síria. Esse fluxo de armas só tem agravado o drama humanitário, só tem gerado mais mortes, mais refugiados e, portanto, esse fluxo de armas é parte do problema. (...) Sem dúvida nós esperaríamos que o conselho de segurança pudesse se por de acordo para determinar uma cessação desse fluxo de armas", afirmou.

Figueiredo defendeu a realização, "no mais curto prazo", de uma segunda conferência internacional sobre a Síria, para se chegar a uma solução política. A realização dessa conferência deve ser debatida entre os países na assembleia-geral da ONU, marcada para a próxima semana.

EMBAIXADOR

Mesmo sem apontar prazos, Figueiredo mostrou otimismo sobre o envio de um embaixador brasileiro à Síria. Há pouco mais de um ano, a embaixada do Brasil na Síria tem funcionado provisoriamente em Beirute, por razões de segurança.

O novo embaixador será o diplomata José Estanislau do Amaral Souza Neto.

"Nossa expectativa é de que tudo melhore e, portanto, nosso embaixador será enviado a Damasco assim que tivermos muito claro quais serão as condições desse diálogo que vai se produzir. (...) É a primeira vez que temos um fato muito concreto desde que se iniciou o confronto sírio: a iminente destruição de arsenal químico na Síria", afirmou

ESPIONAGEM

Figueiredo evitou responder perguntas sobre denúncias de espionagem dos EUA em território nacional - na semana passada, ele viajou a Washington para tratar do assunto com Susan Rice, conselheira de segurança nacional do presidente Barack Obama.

Ele afirmou que terá um encontro com a presidente Dilma Rousseff na tarde de hoje. Não é hora [de falar sobre o assunto] Eu vou conversar com a presidenta, como me cabe fazer e portanto não vou falar desse assunto", se limitou a dizer.


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