Folha de S. Paulo


Forças de Assad retomam ataques após acordo entre EUA e Rússia

Foram registrados bombardeios em redutos rebeldes da capital síria, Damasco, neste domingo --um dia após Estados Unidos e Rússia terem firmado um acordo para destruir as armas químicas do ditador Bashar al-Assad.

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Ataques aéreos, bombardeios e ataques de infantaria contra subúrbios indicam que Assad pode estar retomando a guerra contra rebeldes, após um recuo depois do ataque químico de 21 de agosto, que provocou a ameaça de uma ação militar dos Estados Unidos. As informações são da agência de notícias Reuters.

No noroeste da Síria, também houve neste domingo um atentado que matou três pessoas, incluindo um jornalista que trabalhava para uma revista do governo, informou a agência oficial Sana.

Segundo a agência, Fakhreddin Hassan, repórter de uma revista juvenil, e mais duas pessoas que estavam num ônibus morreram vítimas da explosão de uma carga numa estrada de Idleb.

O ataque também deixou nove feridos e provocou danos materiais.

COMEMORAÇÃO

Paralelamente aos ataques, o acordo entre EUA e Rússia foi recebido com comemoração por parte de Damasco neste domingo. O ministro sírio da Reconciliação, Ali Haidar, declarou que o acordo "permitiu evitar a guerra".

"Nós saudamos este acordo. Por um lado, ajuda os sírios a sair da crise e, por outro, permitiu evitar a guerra contra a Síria ao deixar sem argumentos quem queria desencadeá-la", disse o ministro Haidar à agência estatal russa Ria Novosti.

"Este acordo foi possível graças à diplomacia e ao governo russo, é uma vitória para a Síria graças aos nossos amigos russos", disse Haidar.

A China também recebeu favoravelmente o acordo. "A China comemora o acordo alcançado pelos Estados Unidos e pela Rússia", declarou neste domingo o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, durante reunião em Pequim com seu colega francês, Laurent Fabius.

Há mais de dois anos, a China, junto à Rússia, vem usando seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para se opor às iniciativas de pressão de Estados Unidos, França e Grã-Bretanha ao regime de Assad.

O chefe da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, também saudou o acordo neste domingo. Em comunicado, disse que o acordo abre caminho para uma "solução política" para o conflito sírio.

A Liga Árabe também acusa o regime de Assad de estar por trás do ataque químico que matou centenas de pessoas em 21 de agosto nos subúrbios de Damasco.

ULTIMATO

Pelo acordo estabelecido neste sábado (14), a Síria tem que apresentar dentro do prazo de uma semana um inventário de suas armas químicas. Em caso de descumprimento, os EUA não descartam a possibilidade de uma intervenção militar.

O chefe do Exército Livre Sírio (ELS), Salim Idris, repudiou neste sábado o acordo entre EUA e Rússia e disse que o plano é uma "estratégia para ganhar tempo e encontrar uma salvação para o regime criminoso".

Editoria de arte/Folhapress

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