Folha de S. Paulo


EUA e Rússia oferecem esperança de reviver negociações de paz na Síria

A Rússia e os EUA anunciaram esforços para buscar uma solução de longo prazo para a guerra civil da Síria nesta sexta-feira. Porém, negociações mais amplas só ocorrerão caso os acordos que visam garantir a segurança das armas químicas da Síria sejam bem sucedidos.

O secretário de Estado americano John Kerry e seu colega russo, Sergei Lavrov, se encontraram com o enviado das Nações Unidas Lakhdar Brahimi, em Genebra, e se comprometeram a tentar reiniciar um processo de paz internacional até o final deste mês.

Mas ambos os lados afirmaram que qualquer progresso político em direção a um governo de transição na Síria só poderá acontecer se eles primeiro chegarem a um acordo sobre como garantir que o regime sírio entregue suas armas químicas para o controle internacional.

NEGOCIAÇÕES EM ANDAMENTO

As delegações da Rússia e dos Estados Unidos, que negociam sobre a questão do arsenal químico da Síria, continuarão a conversar durante a noite com a intenção de chegar ao acordo considerado vital para evitar uma ação militar americana contra o regime sírio.

"Ficaremos em Genebra esta noite, as delegações entraram em um processo de negociação substancial", confirmou a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Russia, Maria Zakhavrova.

Fontes diplomáticas revelaram que a Rússia entregou no final da tarde uma proposta detalhada para os americanos sobre como retirar e destruir as armas químicas na Síria e que uma resposta positiva permitiria continuar com as conversas nas próximas horas.

SOLUÇÃO POLÍTICA

O chanceler russo, Sergei Lavrov, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o enviado da ONU Lakhdar Brahimi concordaram que só uma solução política pode acabar com a violência na Síria, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

O ministério disse em comunicado que os três concordaram em se reunir novamente em Nova York, à margem da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no fim deste mês, para mais negociações sobre a realização de uma conferência internacional de paz para a Síria.

OBAMA DESISTE DE AMEAÇA MILITAR

O jornal "New York Times" afirmou nesta sexta que o presidente americano Barack Obama não vai insistir em uma resolução das Nações Unidas ameaçando usar a força para garantir que a Síria mantenha seu compromisso de entregar armas químicas, mas vai procurar outras consequências tangíveis para o país caso o acordo não seja cumprido.

Apesar de Obama reservar-se o direito de ordenar um ataque militar punitivo sem o apoio das Nações Unidas caso a Síria não colabore, funcionários do governo americano disseram que ele entende que a Rússia, por causa de seu poder de veto no Conselho de Segurança, jamais permitiria uma resolução que autorize a utilização de força.

Martial Trezzini/Efe
John Kerry (esquerda), Lajdar Brahimi (centro) e ministro Sergei Lavrov, antes de coletiva de imprensa em que falaram sobre negociações para paz na Síria
Kerry (esquerda), Brahimi (centro) e Lavrov, antes de coletiva de imprensa em que falaram sobre negociações para paz na Síria

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