Folha de S. Paulo


Líder supremo do Irã pede que EUA negociem 'seriamente' com a Síria

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pediu nesta quarta-feira ao governo americano que cumpra a recém formulada promessa de buscar uma solução diplomática no conflito sírio.

"Espero que a nova atitude dos EUA em relação à Síria seja séria e não somente um jogo com a mídia. Durante semanas eles ameaçaram lançar uma Guerra contra o povo da região para beneficiar os sionistas [Israel]", disse Khamenei, que apoia o regime sírio de Bashar al-Assad em nome de uma aliança contra inimigos ocidentais e islâmicos sunitas.

Khamenei se referia à decisão do presidente americano, Barack Obama, de apoiar uma proposta russa que visa retirar estoques de armas químicas das mãos do regime sírio. As armas teriam sido usadas no mês passado num ataque que deixou centenas de mortos na periferia de Damasco. Governo e rebeldes se acusaram mutuamente pelo massacre, mas as potências ocidentais atribuem a ação às tropas de Bashar al-Assad. Rússia e Irã dizem que o Ocidente não tem provas para embasar a acusação.

O plano russo levou Obama a adiar uma votação no Congresso na qual pretendia pedir apoio dos parlamentares para atacar alvos do governo sírio em represália ao suposto uso de armas químicas pelas tropas leais a Assad.

A iniciativa da Rússia prevê a identificação e eliminação de todos os estoques de armas químicas em poder do governo sírio, assim como a assinatura por Damasco de convenções internacionais que proíbem o uso de tais arsenais.

O Irã apoia a iniciativa da Rússia e defende que todos os países eliminem estoques de armas químicas, inclusive a aliada Síria.

O tema é sensível para Teerã, já que os maiores ataques com armas químicas desde a Segunda Guerra Mundial foram lançados nos anos 80 pelas tropas leais ao então ditador Saddam Hussein, à época apoiado pelo Ocidente, contra populações civis iranianas durante o conflito Irã-Iraque, que terminou com mais de um milhão de mortos.


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