Folha de S. Paulo


"Duplo desertor" será julgado em Seul por dar apoio à Coreia do Norte

A Promotoria da Coreia do Sul abriu nesta quarta-feira uma ação judicial contra um homem norte-coreano que desertou duas vezes e tem cidadania sul-coreana. Kim Kwang-ho é acusado de entrar ilegalmente na Coreia do Norte e de fazer propaganda a favor do regime comunista.

O desertor entrou pela primeira vez na Coreia do Sul em 2009, após uma viagem de milhares de quilômetros com sua namorada. Os dois passaram por China, Laos e Tailândia antes de chegarem a Seul, onde passaram a morar.

Ao chegar ao país, ele obteve a cidadania sul-coreana e teve uma filha. No entanto, não conseguiu se adaptar e voltou no início do ano a Pyongyang, através da fronteira da China. Ao chegar no lado comunista, deu uma entrevista à agência de notícias local acusando Seul de tê-lo atraído com propostas enganosas.

Em junho, tentou voltar de novo à Coreia do Sul e foi preso na China por entrar ilegalmente ao país. Por ter cidadania sul-coreana, foi deportado e preso em 13 de agosto ao chegar ao aeroporto internacional de Incheon, a 43 km de Seul.

Agora, os promotores buscam penalizá-lo pela violação da Lei de Segurança Nacional sul-coreana, que proíbe cidadãos do país capitalista cruzarem a fronteira para o lado comunista ou fazer propaganda do regime do ditador Kim Jong-un.

Embora seja acusado de um crime, não se sabe se ele foi pressionado por Pyongyang a se pronunciar contra a Coreia do Sul.

A cada ano, milhares de desertores seguem do Norte ao Sul para fugir da fome ou da repressão política, enquanto ambos os países mantêm um evidente antagonismo político desde a divisão da península coreana, em 1948, e a posterior Guerra da Coreia (1950-1953).


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