Folha de S. Paulo


EUA mantêm plano de intervenção militar, apesar de promessa síria

A Casa Branca informou nesta terça-feira que os Estados Unidos mantêm seu plano de intervenção militar na Síria, mesmo após o chanceler sírio, Walid al-Moualem, dizer que Damasco aceitaria entregar o arsenal de armas químicas nas mãos do regime de Bashar al-Assad.

O projeto foi apresentado pela Rússia, após o secretário de Estado americano, John Kerry, dizer em uma entrevista coletiva que Assad poderia evitar um ataque internacional entregando o arsenal químico, embora não acredite que o mandatário fará isso.

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Horas depois, o presidente Barack Obama afirmou que a hipótese é algo "potencialmente positivo", que poderá significar um "avanço". Como resultado, é provável que a votação da autorização para um ataque à Síria, que deve ocorrer na quarta-feira (11) no Senado norte-americano, seja adiada.

Em entrevista coletiva, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, afirmou que Obama continuará com o plano de uso da força, mesmo com o recuo sírio. "Nós vemos isso [o recuo] com um potencial de avanço positivo e vemos isso como um claro sinal da pressão sobre a Síria".

O representante americano afirma que pretende verificar se o sinal sírio para a retirada do arsenal é sério e que Obama continuará a tentar convencer os parlamentares a votar a favor do ataque. O pronunciamento à população americana também foi mantido.

Com isso, o mandatário tentará convencer a opinião pública sobre a necessidade de intervenção. A maioria dos deputados se diz contrário à ação armada, assim como 59% da população americana, segundo pesquisa divulgada na segunda (9) pela rede de televisão CNN.

REINO UNIDO

Além dos Estados Unidos, o Reino Unido também encara com ceticismo a proposta russa e a renúncia síria a seu arsenal de armas químicas. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, pediu que Moscou e Damasco mostrem que sua intenção de entrega do armamento é verdadeira.

"Eles têm uma responsabilidade muito grande para mostrar que essa iniciativa é séria e legítima", disse o chefe de governo, em nota. "Isso [a proposta] não pode ser o fim do processo. Nós precisamos nos manter bem atentos quanto ao risco dessas táticas de dissuasão".

Para o chanceler britânico, William Hague, é necessário colocar em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU uma ameaça de uma intervenção militar para impedir que o regime sírio volte a cometer novos ataques contra sua população.

As declarações são feitas após o chanceler sírio, Walid al-Moualem, defender a entrega das armas proposta pelo chanceler russo, Sergei Lavrov, como uma forma de "retirar os fundamentos para uma agressão norte-americana".

A declaração dá um tom mais decisivo ao apoio demonstrado por Moualem na segunda (9). Em encontro como chanceler russo, o representante sírio tinha afirmado que a proposta era bem-vinda, mas precisava ser avaliada pelo governo de Damasco.


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