Folha de S. Paulo


Síria elogia proposta russa, mas não diz se Assad entregará armas químicas

O ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid al-Moualem, elogiou a inciativa da Rússia que propôs ao país a entrega das armas químicas ao controle internacional para prevenir um possível ataque americano. A declaração foi feita nesta segunda-feira ao lado do chanceler russo Sergei Lavrov, em Moscou.

Moualem, que concedeu uma entrevista coletiva por meio de um intérprete, no entanto, não disse se presidente Bashar al-Assad aceitou a proposta da Rússia.

"Afirmo que a República Árabe Síria recebe bem a iniciativa russa, motivada pelas preocupações com as vidas dos nosso cidadãos e com a segurança do nosso país, e também motivada pela nossa confiança na sabedoria da liderança russa, que está tentando evitar uma agressão norte-americana contra o nosso povo", disse.

Mais cedo, Lavrov, disse que pediria que a Síria entregasse as supostas armas químicas para evitar um conflito com o país. A declaração de Lavrov aconteceu horas após o secretário de Estado americano John Kerry dizer, em Londres, que a única forma de evitar uma guerra no país seria se Bashar al-Assad entregasse todas as armas químicas em uma semana.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse, também nesta segunda-feira, que pode pedir ao Conselho de Segurança da ONU que a Síria transfira seu arsenal de armas químicas para um local onde possa ser guardado com segurança e destruído.

Em Nova York, Ban disse que também pode pedir ao conselho que exija que a Síria junte-se à convenção internacional contra as armas químicas, um tratado que o governo de Damasco nunca assinou.

Ainda hoje, em entrevista à emissora de TV norte-americana CBS, o presidente sírio disse que os Estados Unidos agiriam contra seus próprios interesses ao se envolver na Síria, alertando para as repercussões.

Os EUA acusam o regime de Bashar al-Assad de atacar com gás venenoso grupos contrários a ele. Os americanos usam como prova um documento, que cita informações de inteligência e relatos de fontes no local, que diz que a ação deixou 1.429 mortos, sendo 426 crianças. Este seria o pior incidente com armas químicas em 25 anos.

Assad, que enfrenta uma rebelião há mais de dois anos, negou a autoria do ataque e apresentou à ONU provas de que teria sido feito pelos próprios rebeldes.


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