Folha de S. Paulo


EUA deveriam usar o dinheiro de ação militar em ajuda a refugiados sírios, diz ativista

Mãos pintadas de vermelho atrás do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, chamaram a atenção de quem acompanhava, na semana passada, a sessão da Comissão de Relações Exteriores do Senado que autorizou o uso da força contra a Síria.

Era um protesto silencioso do grupo pacifista Code Pink (Código Rosa, em inglês), para representar o sangue de uma eventual ação militar americana.

Os manifestantes antiguerra nos EUA começaram a se reorganizar nas últimas semanas, desde que o ataque com armas químicas realizado em Damasco reativou o espírito bélico na Casa Branca.

"Mas a estrutura da organização construída nos oito anos do governo George W. Bush está mais fraca agora", disse à Folha a advogada Medea Benjamin, 60, fundadora do Code Pink.
O grupo, que chegou a 300 mil participantes, foi criado em 2002, quando o governo Bush classificava o risco de atentados em "vermelho", "laranja" e "amarelo".

"No auge das manifestações contra a guerra no Iraque, os grupos tinham uma organização monstruosa. Temos menos pessoas hoje, pois, quando o presidente Barack Obama chegou, muitos acreditavam que ele resolveria isso", afirmou.

Benjamin foi arrastada pela segurança na última terça-feira após gritar para o secretário, durante a audiência, que o povo não quer guerra. Kerry, lembrando seu próprio passado de pacifista, respondeu à manifestante.

Sobre a Síria, ela afirma que "é contra as leis internacionais invadir um país sem a aprovação do Conselho de Segurança" da ONU.

Em maio, ela interrompeu um discurso do presidente Obama, pedindo, aos berros, agilidade na libertação dos presos da base de Guantánamo, em Cuba.
Como Kerry, Obama chegou a dizer que as palavras dela mereciam atenção.

Benjamin era presença rotineira em audiências parlamentares em que o alto escalão do governo Bush debatia a guerra do Iraque.

"Eles não podem me barrar. Só podem me prender depois do fato, como ocorreu na comissão do Senado." Indagada sobre quantas vezes já foi presa, ela ri: "Dezenas."


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