Folha de S. Paulo


EUA retiram diplomatas do Líbano e de cidade turca por crise na Síria

O Departamento de Estado americano informou nesta sexta-feira que está retirando todo o corpo diplomático considerado não essencial da embaixada do país em Beirute, no Líbano, e do consulado de Adana, no sul da Turquia, diante da iminência de uma ação militar dos Estados Unidos na Síria.

A retirada acontece três dias antes de o Congresso americano avaliar uma intervenção no país, votação que será feita a pedido do presidente Barack Obama. Na semana passada, o mandatário disse que o regime de Bashar al-Assad usou armas químicas contra civis da periferia de Damasco, em 21 de agosto.

Segundo relatório da inteligência americana, a ação deixou 1.429 mortos, sendo 426 crianças, o que poderia ser o pior incidente com armas químicas em 25 anos. A França afirmou que participaria de uma intervenção americana, que também pode receber o respaldo da Turquia e de países do golfo Pérsico.

Em comunicado, o Departamento de Estado também emitiu um alerta de viagem ao Líbano, além de pedir a saída de todos os cidadãos americanos que moram no país. "O governo libanês não é capaz de garantir a segurança de cidadãos e visitantes caso a violência volte de forma abrupta".

O governo americano também retirou funcionários do consulado em Adana, no sul da Turquia, que fica a cerca de 200 km da fronteira com a Síria, assim como foi colocado um alerta de viagem à região, que concentra o maior número de refugiados dentro do país.

TENSÃO

Uma possível intervenção militar em território sírio pode aumentar a tensão em países fronteiriços, já afetados pelo conflito. O Líbano enfrenta o aumento do conflito sectário que levou à guerra civil terminada na década de 1990, em especial entre grupos sunitas e xiitas.

Nas últimas semanas, grupos radicais de ambas vertentes assumiram atentados contra uma mesquita sunita na cidade de Trípoli e um bairro xiita de Beirute. O país ainda está sob a influência do grupo radical xiita Hizbullah, que dá apoio a Assad e enviou tropas nos últimos meses à Síria.

O risco na Turquia se refere ao apoio dado pelo primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, aos rebeldes sírios e à intervenção militar americana. Em caso de ataque ocidental, o país pode ser uma das vítimas da represália das tropas do regime sírio.

No mês passado, os Estados Unidos haviam fechado 19 embaixadas e consulados no norte da África e no Oriente Médio após uma ameaça de atentado feita pela rede terrorista Al Qaeda, após interceptação de ligações entre seus líderes feita pela inteligência americana.


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