Folha de S. Paulo


Papa pede a G20 que abandone "busca inútil" por ação militar na Síria

O papa Francisco pediu nesta quinta-feira aos membros do G20 que abandonem a "busca inútil" por uma ação militar internacional na Síria e que busquem o diálogo para solucionar o conflito entre os rebeldes e o regime de Bashar al-Assad, que dura dois anos e meio.

A mensagem foi enviada em uma carta ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, anfitrião do encontro do bloco de países, que começou hoje em São Petersburgo. A intervenção militar no país árabe deverá ser defendida na reunião pelos presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da França, François Hollande.

Os dois países acusam as tropas do ditador sírio de usar armas químicas contra civis em um bombardeio à periferia de Damasco, em 21 de agosto. Para os americanos, 1.429 pessoas morreram, sendo 426 crianças. Já os franceses afirmam que ocorreram 281 mortes.

Na carta, Francisco pediu aos líderes mundiais que retomem as negociações diplomáticas, travadas há um ano e meio devido às discordâncias entre os membros do Conselho de Segurança da ONU e à falta de disposição de rebeldes e do regime sírio para o diálogo.

"É necessário um compromisso renovado para buscar, com coragem e determinação, uma solução pacífica através do diálogo e da negociação entre as partes, apoiado unanimemente pela comunidade internacional", afirmou o pontífice.

Francisco ponderou que, embora o encontro tenha caráter econômico, os líderes mundiais não poderão evitar a reflexão sobre Síria. "Infelizmente, dói constatar que muitos interesses prevaleceram desde que começou o conflito na Síria, impedindo se encontrar uma solução que evitasse o inútil massacre que estamos assistindo".

Para o santo padre, os governos têm um "dever moral" de favorecer qualquer iniciativa "para promover a ajuda humanitária de todos aqueles que estão sofrendo por causa do conflito tanto fora como dentro do país" para evitar que se criem "divisões profundas que precisam de muitos anos para serem curadas".

REUNIÃO

Nesta quinta, a Santa Sé convocou todos os embaixadores dos países que têm representação no Vaticano para informar sobre a posição da Igreja Católica no período. O Vaticano também negou informações da imprensa argentina de que Francisco tenha conversado com o ditador Bashar al-Assad.

O pontífice, que enviou várias mensagens nos últimos dias para pedir a paz, também convocou uma vigília para o próximo sábado (7) pela paz na Síria, que será realizada das 19h locais até a meia-noite na praça de São Pedro, no Vaticano.


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