Folha de S. Paulo


Síria ameaça atacar alvos em países do Oriente Médio

O regime do ditador sírio Bashar al-Assad afirmou na quarta-feira ter tomado "todas as medidas" para revidar a ação militar americana esperada para a próxima semana.

"Não vamos mudar nossa posição nem mesmo se houver uma Terceira Guerra Mundial", afirmou o vice-chanceler Faisal al-Muqdad em uma entrevista exclusiva à agência de notícias AFP.

Muqdad disse também que Damasco poderá atacar alvos em Turquia, Israel e Jordânia caso esses países participem de uma operação internacional contra a Síria.

No mesmo dia, a rede de TV saudita Al Arabiya havia noticiado que as forças de segurança da Jordânia estão em estado de alerta.

O canal teve acesso especial a uma base aérea e diz que o Exército jordaniano prepara os seus planos de contingência.

A Jordânia já afirmou publicamente diversas vezes que não irá servir de base para o lançamento de uma ação, apesar de a monarquia do rei Abdullah 2º se opor ao regime de Assad.

Apesar disso, há receio de que o país seja alvo da retaliação síria, após o esperado ataque americano.

Os Estados Unidos ainda têm de discutir e votar no Congresso a intervenção, motivada pelo suposto uso de armas químicas pelo regime de Assad.

Autoridades militares têm sugerido, também, que há a possibilidade de hostilidade contra os campos de refugiados sírios na Jordânia, como punição do regime.

Na região de fronteira, a presença militar é constante, como observado pela reportagem da Folha.

Entre as imagens divulgadas pela Al Arabiya estão jatos tipo F-16 em um treinamento excepcional. As Forças Aéreas da Jordânia são consideradas das mais potentes nessa região.

O governo de Abdullah 2º tem também apoio militar americano, com mísseis antiaéreos Patriot estacionados na fronteira e treinamento específico para as Forças Armadas locais.

Além disso, a monarquia jordaniana conta com lançadores avançados de foguetes, capazes de uma rápida identificação de alvos.

SÍRIA

A proximidade de uma ação contra bases militares tem causado grande tensão na Síria, com relatos do abandono de casas. A população estoca alimento diante da expectativa dos ataques.

Tornaram-se frequentes, nessa etapa da insurgência, os relatos de deserções no Exército. Ontem, o grupo de oposição Coalizão Nacional Síria anunciou que o ex-ministro da Defesa Ali Habib --parte do círculo próximo de Assad-- fugiu à Turquia. A deserção não foi confirmada.

A insurgência contra o regime de Assad foi iniciada em março de 2011, com manifestações pacíficas. A partir da repressão violenta, a oposição tornou-se um conflito civil que já deixou mais de 100 mil mortos, de acordo com as Nações Unidas.

A Jordânia recebeu o segundo maior número de refugiados sírios, hoje estimado pela ONU em 515 mil.


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