Folha de S. Paulo


Comitê do Senado dos EUA aprova resolução que autoriza ataque militar à Síria

O Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA aprovou nesta quarta-feira uma resolução conjunta que autoriza ataque militar na Síria, em resposta ao uso de armas químicas em ataque na periferia de Damasco, no último dia 21 de agosto, que Washington atribui ao regime sírio.

Com dez votos a favor e sete contra, o comitê aprovou a medida bipartidária que limita o ataque militar a um prazo de 60 dias. A aprovação representa uma importante vitória política para o presidente Barack Obama, em sua busca de apoio política à intervenção contra o regime sírio.

A resolução, apresentada por Obama, seguirá para o Senado, que deve votá-la na próxima semana. Em seguida, a medida passa pela Câmara dos Deputados. Os líderes dos partidos republicano e democrata no Senado e na Câmara já respaldaram a intervenção, o que sinalizaria a aprovação pelas duas Casas.

Um relatório da inteligência americana acusa o regime de Bashar al-Assad pelo ataque com gás venenoso. O documento, que cita informações de inteligência e relatos de fontes no local, afirma que a ação deixou 1.429 mortos, sendo 426 crianças. Se confirmado, será o pior incidente com armas químicas em 25 anos. Assad, que enfrenta uma rebelião há mais de dois anos, negou a autoria do ataque e apresentou à ONU provas de que teria sido feito pelos próprios rebeldes.

Sob pressão dos aliados europeus, Obama já afirmou que é preciso enviar uma "mensagem realmente forte" a Assad, que degrade sua habilidade para o uso de armas químicas.

Ele disse nesta quarta-feira que a comunidade internacional não deve ficar calada ante o conflito na Síria, que chamou de "barbárie". "Não fui eu quem estabeleceu uma linha vermelha [uma espécie de limite], mas o mundo estabeleceu uma linha vermelha contra o uso de armas químicas quando governos que representam 98% da população mundial fizeram um tratado proibindo o uso delas", afirmou.

Obama conta com o apoio dos líderes da França e do Reino Unido. Neste último, contudo, o Parlamento já vetou uma ação militar na Síria.

Os países pressionam a Rússia a acatar a decisão de uma intervenção militar na Síria. A Rússia, contudo, é um dos principais aliados do ditador sírio e ameaça usar seu poder de veto como um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança conta a medida. O grupo inclui ainda China, que costuma apoiar a Rússia.

Nesta quarta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, chegou a afirmar que armará seus aliados se houver intervenção. Putin rejeitou, de novo, as evidências até agora apresentadas pelos Estados Unidos e seus aliados sobre o ataque com armas químicas que a ditadura de Bashar al-Assad teria perpetrado contra redutos rebeldes no último dia 21.

Obama alertou no sábado passado (31) que seguirá "em frente sem a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que até agora está completamente paralisado e incapaz de responsabilizar Assad".


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