Folha de S. Paulo


Todas as explicações dadas pelos EUA foram falsas, diz ministro

O ministro Paulo Bernardo (Comunicações) afirmou nesta terça-feira (3) que todas as explicações dadas pelos Estados Unidos ao governo brasileiro decorrente das revelações de espionagem no país "revelaram-se falsas". Segundo ele, o Brasil espera alguma "explicação razoável", sobretudo diante das recentes suspeitas de espionagem contra a presidente Dilma Rousseff.

De acordo com documentos divulgados pelo jornalista Glenn Greenwald fornecidos pelo técnico em informática Edward Snowden, que trabalhou para a NSA (Agência Nacional de Segurança) dos EUA durante os últimos quatro anos, milhões de telefones e de dados de usuários de internet em todo o mundo foram monitorados. Até a presidente Dilma Rousseff teria sido alvo da espionagem norte-americana.

"Não, não deram nenhuma explicação razoável [os EUA]. Aliás, todas explicações que nos foram dadas desde o início desses episódios revelaram-se falsas. As explicações que nós recebemos da embaixada e depois as visitas que nossas equipes fizeram aos EUA, os acontecimentos posteriores mostraram que não se sustentavam as alegações que nos apresentaram. Portanto, nós continuamos esperando as explicações", disse o ministro.

Bernardo também classificou a ação norte-americana como "injustificável", mas disse que qualquer opinião no governo sobre ir ou não a Washington em outubro, em visita de Estado, cabe à presidente e a sua equipe diplomática. "Eu acho que o governo fez parece adequado, exigir explicações do governo americano", afirmou.

"Eu acho que a diplomacia é o caminho para resolver isso. Isso é um embaraço que eles nos causam, assim como eles estão causando para outros países, para o México, para a Alemanha, para a França. O mundo civilizado está com certeza estarrecido com essa saliência", disse ainda.

Para ele, não existe qualquer "ilusão" de que os EUA espionam o governo brasileiro sob a justificativa de monitorar eventuais ataques terroristas. "É uma espionagem com um caráter comercial, industrial, interesse em saber questões como o pré-sal e outras de peso econômico ou de peso comercial. Portanto, é mais grave do que fica parecendo à primeira vista."

TEMER

O presidente da República em exercício, Michel Temer, também criticou a ação dos EUA, mas disse acreditar que "em brevíssimo tempo" a questão, que é "inadmissível", será resolvida "diplomaticamente".

Questionado se, ainda assim, Dilma deve cancelar sua ida a Washington, disse: "A presidente terá discernimento suficiente para decidir por conta própria se deve ir ou não ir. Acho que na via diplomática isso se resolverá a tempo de a presidente poder ir aos Estado Unidos, se houver essa solução harmonizadora, e realizar a tarefa que lá iria realizar".

Quanto à CPI para investigar as investidas de espionagem norte-americana instalada nesta terça-feira no Senado, disse apenas que as vias diplomáticas darão conta do impasse. "Acho que o congresso tem sido muito firme no apoio das decisões do governo, mas acho que diplomaticamente se poderá resolver essa questão."


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