Folha de S. Paulo


Israel diz que disparou mísseis detectados pela Rússia no Mediterrâneo

O Ministério da Defesa de Israel informou que foi o responsável pelo lançamento de mísseis nesta terça-feira no mar Mediterrâneo, perto da costa da Síria. O Estado judaico afirma que a ação faz parte de um exercício de um sistema de defesa financiado pelos Estados Unidos.

Mais cedo, a Rússia havia detectado o lançamento, que aconteceu às 9h15 locais (3h15 em Brasília), de um ponto no Mediterrâneo central em direção ao leste, onde está a Síria. Os disparos foram detectados pelo sistema de alerta de Armavir, no sul da Rússia.

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Moscou afirmou que os artefatos militares caíram no mar Mediterrâneo antes de chegar perto da Síria. Já a agência russa RIA Novosti e o jornal libanês "Al Manar" informaram que os mísseis não haviam caído no território do país árabe.

SAIBA MAIS

O governo israelense afirma que o teste foi feito com mísseis do tipo Ancor, usados como iscas para as provas do sistema antimísseis Arrow, instalado em uma base da Força Aérea na região central do Estado judaico.

Em nota, a Marinha dos Estados Unidos negou qualquer envolvimento nos disparos. Depois, o porta-voz do Pentágono, George Little, confirmou que a ação foi um exercício coordenado entre Israel e Estados Unidos, mas que não tem nada a ver com a possibilidade de intervenção na Síria.

Na segunda (2), chegou ao Mediterrâneo um navio militar americano, que se posicionou perto da costa síria, em um sinal da iminência de uma intervenção no conflito entre o regime de Bashar al-Assad e os rebeldes, que dura dois anos e meio.

A embarcação entrou no Mediterrâneo três dias após o presidente americano, Barack Obama, ter afirmado que estava pronto para uma ação armada na Síria, em represália ao suposto ataque químico que, para Washington, foi realizado pelas tropas de Assad.

Segundo os americanos, que acusam Assad, a ação deixou 1.429 mortos, sendo 426 crianças. Se confirmado, será o pior incidente com armas químicas em 25 anos. A França também acusa o regime sírio de fazer o bombardeio com gás venenoso que, nas contas dos franceses, deixou 281 mortos.

No entanto, Obama consultará o Congresso americano sobre o ataque à Síria, que deverá ser avaliado pelos parlamentares na próxima semana, quando os legisladores voltam do recesso de verão no Hemisfério Norte.

ASSAD

Em entrevista publicada na segunda (2) pelo jornal francês "Le Figaro", Assad advertiu sobre o risco de uma guerra regional em caso de intervenção dos Estados Unidos e países aliados no país. Para o ditador, o Oriente Médio é um barril de pólvora, em referência à expansão do conflito no país para outras áreas da região.

"O Oriente Médio é um barril de pólvora e o fogo se aproxima. O risco de uma guerra regional existe. Não temos que falar só da resposta síria, mas também o que poderia acontecer após o primeiro ataque. Ninguém sabe o que aconteceria. Todo mundo perderá o controle da situação quando o barril explodir".

O mandatário voltou a desafiar os Estados Unidos, a França e outros países a apresentarem provas de que ele usou as armas químicas. "Desafiamos os Estados Unidos e a França a aparecer com um pedaço sequer de prova. Obama e Hollande têm sido incapazes de fazer isso".

Ele voltou a negar qualquer participação nos ataques químicos e disse ser ilógica a acusação de uso de armas químicas. "Suponha que os nossos militares quisessem usar armas de destruição em massa: é possível fazê-lo em uma área onde eles próprios foram feridos por elas? Onde está a lógica?".

E criticou o governo francês por seu apoio aos rebeldes. "Qualquer um que contribua para o reforço financeiro ou militar dos terroristas é inimigo do povo sírio. Se as políticas do Estado francês são hostis ao povo sírio, o Estado será inimigo", afirmou. "Haverá repercussões, negativas é claro, sobre os interesses franceses."


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