Folha de S. Paulo


Ministros evitam falar sobre viagem de Dilma aos EUA

Ministros do governo Dilma Rousseff se recusaram a falar sobre respostas concretas do governo brasileiro à suspeita de que a própria presidente Dilma Rousseff tenha sido alvo da espionagem dos EUA. Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores) e José Eduardo Cardozo (Justiça) ainda foram evasivos quando questionados sobre possibilidade de cancelamento de viagem da presidente Dilma Rousseff a Washington, agendada para o fim de outubro.

"Eu não vou conversar sobre a viagem, porque o tema não é a viagem. Hoje o tema é o fato grave que aconteceu", disse Figueiredo em coletiva de imprensa, nesta segunda-feira (2).

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Cardozo também preferiu ser cauteloso quando questionado sobre reações do governo à notícia. "O tipo de reação dependerá do tipo de resposta que for dada. Por isso nós queremos uma resposta formal, por escrito", afirmou.

Reportagem exibida ontem pelo "Fantástico" afirma que a presidente Dilma Rousseff foi alvo direto da espionagem realizada pela NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos).

A informação se baseia em documentos secretos obtidos pelo jornalista Glenn Greenwald com o ex-técnico da NSA Edward Snowden. Eles faziam parte de uma apresentação interna para funcionários da agência.

De acordo com o programa, foi monitorada a comunicação entre Dilma e seus assessores, assim como dos assessores entre eles e com terceiros. Também Enrique Peña Nieto, atual presidente mexicano (então líder na campanha presidencial), teria sido espionado.

O documento obtido pelo "Fantástico" mostra que a NSA utilizou programas capazes de capturar inclusive o conteúdo de e-mails.

O ministro da Justiça relatou ainda que, em viagem aos EUA, autoridades norte-americanas haviam garantido que o alvo da ação se limitava a metadados (informações genéricas como origem, destino e horário de telefonemas e mensagens) ligados ao combate ao terrorismo.

Para Cardozo, se confirmada a denúncia de espionagem da presidente Dilma, trata-se de interceptação que nada tem a ver com práticas terroristas, mas sim de natureza política, envolvendo um chefe de Estado.


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