Folha de S. Paulo


Brasil diz estar indignado e inconformado com espionagem dos EUA

O governo brasileiro diz estar "inconformado" e "indignado" com as revelações de que a presidente Dilma Rousseff pode ter sido alvo da espionagem dos EUA. A pedido dela, foi solicitado ao governo dos EUA esclarecimentos por escrito sobre as denúncias de monitoramento.

"Estamos falando pelo governo brasileiro e expressamos o que pensa a presidente Dilma. Queremos explicações sobre o fato. Diante dele, manifestamos nosso inconformismo", afirmou o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).

Dilma convocou para a manhã desta segunda uma reunião emergencial no Planalto para tratar das novas suspeitas de espionagem promovida pelos EUA. Antes da reunião com a presidente, o ministro Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores) esteve com o embaixador norte-americano no Brasil, Thomas Shannon.

"Disse a ele da indignação do governo brasileiro sobre os documentos revelados. Ou seja, a violação das comunicações da senhora presidente da republica. Significa uma violação inaceitável", disse Figueiredo, que pediu "prontas explicações formais" sobre os fatos.

Apesar de ser feriado nos EUA, Shannon se comprometeu a entrar em contato com a Casa Branca.

Em situação semelhante, em julho, após ser pressionado por líderes da União Europeia, Obama minimizou a polêmica sobre espionagem e alegou que todos os serviços de inteligência do mundo buscam informações adicionais sobre outros países, inclusive os europeus.

Na ocasião, o mal-estar foi gerado por uma reportagem da revista alemã "Der Spiegel", que afirmava que a NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos) teve acesso a e-mails e arquivos de computadores da representação da UE em Washington.

ESPIONADA

Segundo reportagem do "Fantástico", da Rede Globo, exibida neste domingo (1º), a presidente foi alvo direto da espionagem realizada pela NSA.

Os documentos secretos que basearam as denúncias foram obtidos pelo jornalista Glenn Greenwald com o ex-técnico da NSA Edward Snowden. Eles faziam parte de uma apresentação interna para funcionários da agência.

De acordo coma apresentação, foi monitorada a comunicação entre Dilma e seus assessores, assim como dos assessores entre eles e com terceiros. Também Enrique Peña Nieto, atual presidente mexicano (então líder na campanha presidencial), teria sido espionado.

O documento mostra que a NSA usou programas capazes de capturar inclusive o conteúdo de mensagens de texto.

No caso de Dilma, o objetivo da operação seria o de "melhorar a compreensão dos métodos de comunicação e dos interlocutores da presidente e seus principais assessores".


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