Folha de S. Paulo


Otan defende 'resposta firme' à Síria, mas descarta participar de ataque

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse nesta segunda-feira que o regime sírio precisa receber "uma resposta firme" da comunidade internacional contra o suposto ataque químico na periferia de Damasco, em 21 de agosto.

Os Estados Unidos acusam o regime sírio de usar o gás venenoso em 12 bairros da região de Ghouta, a leste da capital síria. Para os americanos, a ação deixou 1.429 mortos, sendo 426 crianças. Se confirmado, será o pior incidente com armas químicas em 25 anos.

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Em entrevista, o chefe da aliança ocidental afirmou ter evidências que o convenceram de que as autoridades sírias realizaram o ataque. "Sem entrar em detalhes, posso lhes afirmar que estou pessoalmente convencido não só da ocorrência de um ataque químico, mas também de que o regime sírio é o responsável".

SAIBA MAIS

Estados Unidos, França e Reino Unido são os principais integrantes da aliança militar ocidental e também acusam o regime sírio do uso de armas químicas. Para Rasmussen, a morte de centenas de homens, mulheres e crianças não pode ser ignorada.

"Penso que há um acordo que precisamos de uma resposta internacional firme de modo a evitar que estes ataques químicos aconteçam no futuro. Isso enviaria, eu poderia dizer, um sinal perigoso para ditadores em todo o mundo se ficarmos em ponto morto e não reagirmos".

Apesar do pedido de reação às ações do regime sírio, o secretário-geral descartou qualquer participação da organização em uma ação armada, mantendo apenas as baterias de mísseis Patriot, de médio alcance, na fronteira da Turquia à Síria.

REGIME

Mais cedo, o regime sírio pediu à ONU que impeça "qualquer agressão" contra o país, em referência a uma intervenção estrangeira comandada pelos Estados Unidos. No sábado (31), o presidente Barack Obama defendeu uma ação armada contra o ditador Bashar al-Assad.

No entanto, o mandatário submeterá a ação militar a votação no Congresso americano, que encerra o período de recesso no dia 9. Caso não haja antecipação na data, as tropas do ditador sírio terão uma semana para preparar o terreno e conseguir apoio internacional contra o uso da força.

Em carta enviada ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e à presidente do Conselho de Segurança, a argentina Maria Cristina Perceval, o embaixador da Síria na ONU, Bashar Ja'afari, fez um pedido para que se evite "qualquer agressão contra a Síria e pressionar para que se alcance uma solução política".

De acordo com nota da agência de notícias Sana, Damasco pede que o Conselho de Segurança "mantenha seu papel de garantidor da segurança para evitar o uso absurdo da força fora das regras de legitimidade internacional".

Ja'afari voltou a negar o uso de armas químicas por parte do regime e lembrou que há um ano comunicou sobre os riscos da aplicação desse armamento por grupos rebeldes.

"As atividades desses grupos coincidem com uma campanha política, diplomática e midiática feita por alguns países que são diretamente responsáveis pelo derramamento de sangue na Síria e impedem uma solução pacífica".


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