Folha de S. Paulo


Cameron liga para Obama e promete manter apoio aos EUA

Forçado pelo Parlamento britânico a desistir de uma ação militar na Síria, o primeiro-ministro David Cameron prometeu ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que continuará a ajudá-lo a pressionar o ditador Bashar al-Assad.

O premiê do Reino Unido ligou para a Casa Branca nesta sexta-feira (30), um dia após ser derrotado em sua tentativa de participar da intervenção no país árabe.

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"O primeiro-ministro deixou claro que acredita fortemente numa resposta dura para o terrível crime de guerra cometido pelo regime de al-Assad", afirmou o governo britânico, em nota.

Cameron disse a Obama que respeitará a decisão do Parlamento contra a participação militar do Reino Unido. A derrota política foi considerada mais grave desde que tomou posse, em 2010.

De acordo com Downing Street, o presidente americano disse que manterá sua "forte amizade" com o primeiro ministro e elogiou a "relação especial" entre os dois países, que chamou de "forte, duradoura e profunda".

Mais cedo, Cameron havia prometido que não pediria desculpas a Obama. "Não acho que seja uma questão de ter que se desculpar", disse, em entrevista.

GUERRA FRIA

Na madrugada desta sexta-feira, o líder da oposição britânica, Ed Miliband, disse que o veto ao envolvimento do país num ataque à Síria deveria sinalizar o fim do alinhamento automático com Washington.

O trabalhista classificou a chamada relação especial entre EUA e Reino Unido como um resquício da Guerra Fria. "Ser um aliado dos EUA, ter uma relação especial com os EUA, não pode ser simplesmente fazer o que o presidente americano deseja", disse.

"Na Guerra Fria, se você não concordasse com os EUA, você estava de alguma forma escolhendo o lado errado. Algumas vezes, sob a minha liderança, nós teremos divergências e visões diferentes das dos EUA. Temos que agir com base no interesse nacional", acrescentou Miliband.


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