Folha de S. Paulo


Obama reúne gabinete de segurança para avaliar intervenção na Síria

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se reuniu nesta sexta-feira com integrantes de seu gabinete de segurança, em encontro que pode definir uma intervenção militar na Síria. Mais tarde, Washington deve revelar uma versão de seu relatório sobre o uso de armas químicas no país árabe.

O relatório pode dar aos norte-americanos mais detalhes sobre por que o presidente Barack Obama declarou que seus funcionários concluíram que o governo de Bashar al-Assad é responsável pela morte de centenas de pessoas em um subúrbio de Damasco.

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As informações sobre o suposto ataque deverá ser revelada pelo secretário de Estado americano, John Kerry, em entrevista coletiva nas próximas horas. Na quinta (29), membros do governo compartilharam algumas das provas com parlamentares e citaram comunicações interceptadas de funcionários sírios.

O governo americano sofreu um revés nas últimas horas após o Parlamento britânico rejeitar a ação militar, hipótese apresentada pelo primeiro-ministro David Cameron. Nesta sexta, o chefe de governo disse que pretende continuar a ajudar os Estados Unidos, mas não quer intervir no conflito.

"Não vai acontecer porque o Parlamento britânico refletiu o enorme ceticismo da população sobre qualquer envolvimento no Oriente Médio. Eu entendo isso, e esta parte não vai avançar."

Em entrevista nas Filipinas, o secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, disse que os EUA continuam a buscar uma coalizão internacional para responder ao regime de Assad. Ele disse respeitar a decisão dos britânicos e diz que vai consultá-los caso intervenham na Síria.

"Nossa abordagem é continuar a buscar uma coalizão internacional que atuará em conjunto. E eu acho que vocês estão vendo uma série de países anunciar, anunciar publicamente, sua posição sobre o uso de armas químicas."

O plano americano recebeu o respaldo do presidente francês, François Hollande, que defendeu a intervenção como um castigo ao regime sírio pelo uso das armas. "Todas as opções estão sobre a mesa. A França quer uma ação proporcional e firme", disse.

ATAQUE QUÍMICO

A pressão ocidental contra Assad aumentou na última semana após denúncia dos rebeldes sírios de que o regime comandou um ataque de armas químicas na periferia da capital Damasco, no último dia 21.

A oposição afirma que 1.300 pessoas morreram na ação, enquanto a organização Médicos sem Fronteiras cifra as mortes em 355. O regime sírio nega a ação e apresentou à ONU na última quarta-feira (28) um documento com provas que incriminariam os rebeldes pelo ataque químico.

A denúncia foi feita três dias após a chegada dos inspetores da ONU a Damasco para verificar denúncias de armas químicas. Após pressão da comunidade internacional, os agentes começaram a investigar a hipótese, deixando de lado a missão inicial.


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