Um dia depois de o Parlamento britânico rejeitar sua proposta de intervenção na Síria, o primeiro-ministro David Cameron afirmou nesta sexta-feira que o Reino Unido desistiu de participar de qualquer ataque ao país.
Na primeira entrevista após a derrota histórica, ele prometeu respeitar o resultado da votação e disse que vai procurar meios diplomáticos para manter a pressão sobre o regime de Bashar al-Assad.
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"Vamos continuar a condenar o que ocorreu na Síria. Mas uma coisa que foi proposta, o possível envolvimento britânico em alguma ação militar, não vai acontecer", afirmou Cameron.
"Não vai acontecer porque o Parlamento britânico refletiu o enorme ceticismo da população sobre qualquer envolvimento no Oriente Médio. Eu entendo isso, e esta parte não vai avançar."
O premiê disse que não deve desculpas ao presidente Barack Obama e prometeu continuar a apoiar os Estados Unidos, que chamou de "nosso mais forte e mais importante aliado".
Ele voltou a defender uma "resposta forte" ao uso de armas químicas na Síria e disse que o Reino Unido manterá a pressão sobre o regime sírio em organizações multilaterais como a ONU, a Otan e o G8.
REBELIÃO
Horas depois da derrota surpreendente de Cameron, no fim da noite de quinta-feira, alguns dos 30 conservadores votaram contra o governo e saíram em defesa de sua decisão.
O deputado Andrew Percy, um dos rebeldes, disse à rede BBC que fez uma enquete com eleitores por email e notou uma grande rejeição à ideia de intervir na Síria. "A maioria disse que nós não deveríamos aceitar nenhuma ação militar neste momento", disse.
O líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, voltou a acusar Cameron de ter tentado atropelar a ONU ao pedir pressa na decisão sobre uma ação militar. Ele defendeu que agora a ação britânica contra o regime sírio fique restita ao campo da diplomacia.
"Não acho que o governo deva lavar as mãos. Acho que o foco do governo deve ser buscar outros meios para pressionar Assad", disse.