Folha de S. Paulo


EUA buscam apoio para operação na Síria mesmo sem britânicos

O secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, afirmou nesta sexta-feira que os Estados Unidos continuarão em busca de uma coalizão internacional para responder militarmente ao suposto uso de armas químicas pelo regime sírio, mesmo após o Parlamento britânico rejeitar ontem (29) moção do premiê David Cameron que abriria caminho para a participação do país em uma possível operação.

"Seguiremos tentado formar uma coalizão internacional que atue unida", disse Hagel durante entrevista coletiva em Manila, nas Filipinas. "Cada nação tem a responsabilidade de adotar suas próprias decisões, e nós respeitamos."

O secretário não quis especular sobre que o governo sírio poderia fazer para evitar uma intervenção, mas apontou que, até o momento, o regime de Assad não apresentou uma postura diferente e nem mudou de atitude.

CONSELHO DE SEGURANÇA

Durante a tarde de ontem, uma nova reunião entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova York, terminou mais uma vez sem um consenso.

Outro encontro realizado na quarta (28) teve o mesmo desfecho, depois que a Rússia atravancou os debates sobre uma possível intervenção militar em reposta ao ataque com armas químicas ocorrido na semana passada.

Segundo diplomatas envolvidos, quem convocou a reunião de hoje foi a Rússia, aliada do ditador sírio Bashar al-Assad. A conversa aconteceu novamente a portas fechadas. Ao final da reunião, os participantes deixaram a sala sem comentar.

Estados Unidos, França e Reino Unido são favoráveis à intervenção. China e Rússia, que já vetaram resoluções anteriores, se opõem, dizendo que não há provas de que o ataque foi cometido pelo regime sírio.

INVESTIGAÇÃO

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, informou ontem que a equipe que investiga o uso de armas químicas na Síria deverá voltar de Damasco na manhã de sábado (31). No mesmo dia, deverão apresentar dados preliminares sobre as pesquisas na área de um suposto ataque na periferia da capital síria.

Os inspetores entraram no terceiro dia de visitas à região de Ghouta, onde os rebeldes afirmam que houve um bombardeio com gás venenoso no dia 21. Na quarta, o grupo recolheu amostras de sangue e terra, além de visitar um hospital de campanha e conversar com médicos e supostas vítimas do ataque químico.

Moscou pediu que os observadores da ONU visitem também outros três lugares onde também há acusações de armas químicas. O porta-voz da Chancelaria russa, Alexander Lukashevich, disse que a equipe também deve inspecionar em Khan al Assal, na Província de Aleppo, no norte do país.

Ele afirmou que as autoridades sírias e a organização concordaram em aumentar a missão para que haja as inspeções nas áreas estabelecidas no acordo com o regime sírio que permitiu a visitação da Síria, há duas semanas.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

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