Folha de S. Paulo


EUA estão dispostos a agir na Síria mesmo sem apoio britânico, diz jornal

O governo americano está disposto a realizar uma operação militar na Síria mesmo sem o apoio do Reino Unido, seu principal aliado, afirmou nesta quinta-feira o jornal "The New York Times", citando fontes da Casa Branca.

Mais cedo, o Parlamento britânico rejeitou a moção do premiê David Cameron que abriria caminho para a participação do país em uma possível operação.

Segundo a publicação, apesar de as autoridades americanas afirmarem que Obama ainda não tomou uma decisão final sobre o assunto, os indícios apontam que um ataque americano deve ocorrer logo após a saída dos inspetores da ONU da Síria, programada para o sábado.

As Forças Armadas americanas já teriam enviado hoje um quinto destróier ao mar Mediterrâneo, com capacidade para dezenas de mísseis Tomahawk, provável peça central nos ataques.

CONSELHO DE SEGURANÇA

Durante a tarde, uma nova reunião entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova York, terminou mais uma vez sem um consenso.

Outro encontro realizado ontem (28) teve o mesmo desfecho, depois que a Rússia atravancou os debates sobre uma possível intervenção militar em reposta ao ataque com armas químicas ocorrido na semana passada.

Segundo diplomatas envolvidos, quem convocou a reunião de hoje foi a Rússia, aliada do ditador sírio Bashar al-Assad. A conversa aconteceu novamente a portas fechadas. Ao final da reunião, os participantes deixaram a sala sem comentar.

Estados Unidos, França e Reino Unido são favoráveis à intervenção. China e Rússia, que já vetaram resoluções anteriores, se opõem, dizendo que não há provas de que o ataque foi cometido pelo regime sírio.

INVESTIGAÇÃO

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, informou hoje que a equipe que investiga o uso de armas químicas na Síria deverá voltar de Damasco na manhã de sábado (31). No mesmo dia, deverão apresentar dados preliminares sobre as pesquisas na área de um suposto ataque na periferia da capital síria.

Os inspetores entraram no terceiro dia de visitas à região de Ghouta, onde os rebeldes afirmam que houve um bombardeio com gás venenoso no dia 21. Na quarta, o grupo recolheu amostras de sangue e terra, além de visitar um hospital de campanha e conversar com médicos e supostas vítimas do ataque químico.

Moscou pediu que os observadores da ONU visitem também outros três lugares onde também há acusações de armas químicas. O porta-voz da Chancelaria russa, Alexander Lukashevich, disse que a equipe também deve inspecionar em Khan al Assal, na Província de Aleppo, no norte do país.

Ele afirmou que as autoridades sírias e a organização concordaram em aumentar a missão para que haja as inspeções nas áreas estabelecidas no acordo com o regime sírio que permitiu a visitação da Síria, há duas semanas.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: