Folha de S. Paulo


Sem senador, embaixada brasileira em La Paz tenta voltar à rotina

Uma semana depois da saída do senador Roger Pinto Molina da embaixada brasileira em La Paz, a sala de 20 m² que abrigou o boliviano por 15 meses segue fechada.

A cama, uma pequena mesa para leitura e a bicicleta ergométrica doada ainda estão no local, que antes do "hóspede", era usado para guardar arquivos da representação.

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Segundo um funcionário da embaixada, a porta está trancada desde a saída de Molina, na sexta-feira passada, e ainda não foi decidido como a sala voltará a ser utilizada.

A última semana foi de readaptação para diplomatas e funcionários, que tentaram voltar à rotina. O estranhamento é "normal", disse um diplomata --afinal, Molina esteve por 453 dias no local.

Apesar de sua sala ficar relativamente isolada no último dos três pisos destinados à embaixada e ao consulado brasileiros, não era raro o senador ter contato com diplomatas no corredor que leva ao banheiro, por exemplo.

Geralmente o asilado comia refeições trazidas pelos funcionários da embaixada --outras vezes, pela filha Denise, que visitava diariamente o pai na representação.

Outra mudança, diz um funcionário, é a sensação de que não há mais "vigilância" sobre quem trabalha na embaixada. "Não era agradável, a gente saía do prédio e sentia que estava sendo monitorado", disse à Folha.

Além da saída de Molina, houve a mudança no comando da embaixada. Com a suspensão do encarregado de negócios, Eduardo Saboia, por sua atuação na retirada do senador do país, o Itamaraty enviou o chefe do Departamento de América do Sul 1, João Luiz Pereira Pinto, para ocupar interinamente o posto.

Felipe Luchete - 30.ago.2012/Folhapress
Fachada da embaixada brasileira em La Paz, onde funcionários tentam voltar à rotina
Fachada da embaixada brasileira em La Paz, onde funcionários tentam voltar à rotina

NOVO EMBAIXADOR

Ainda não está certo se Pereira Pinto seguirá em La Paz até a chegada do novo embaixador, Raymundo Santos Rocha Magno. A Bolívia concedeu, em junho, o agrément (autorização) a Magno, que estava servindo na Romênia.

Ele precisa passar por sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado, da qual é presidente Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que ajudou Molina em parte da fuga. O pedido está à espera de um relator.


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