Folha de S. Paulo


Parlamento britânico rejeita moção sobre ação militar na Síria

O Parlamento britânico rejeitou nesta quinta-feira a moção do governo David Cameron que abriria caminho para a participação do país em uma ação militar na Síria.

"Ficou claro para mim que o Parlamento britânico, refletindo as visões da população britânica, não quer ver uma ação militar britânica. Eu entendo isso e o governo vai agir de acordo com isso", afirmou o premiê.

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O texto foi derrotado por 285 votos a 272. O resultado é uma grave derrota política para o primeiro-ministro, do Partido Conservador.

O placar sugere que, além da oposição trabalhista, parte da bancada do Partido Conservador e do Partido Liberal-Democrata, que integra a coalizão de Cameron, votaram contra ele.

Assim que o resultado foi proclamado, um dos deputados gritou "Renuncie!" para o primeiro-ministro. O líder da oposição, Ed Miliband, foi aplaudido por correligionários.

Em tese, Cameron ainda pode propor uma nova votação do tema na próxima semana. No entanto, ele dependerá de um fato político novo para retomar o assunto.

De acordo com a rede BBC, é a primeira vez em 50 anos que a oposição derrota o governo numa votação sobre o envio de tropas britânicas ao exterior.

Após o resultado, a Casa Branca afirmou que Barack Obama continuará a consultar o Reino Unido, mas decidirá sobre um ataque à Síria com base no interesse dos Estados Unidos.

"A decisão do presidente Obama será guiada por aquilo que está nos melhores interesses dos Estados Unidos. Ele acredita que há interesses vitais em jogo para os Estados Unidos e que os países que violam normas internacionais sobre armas químicas devem ser responsabilizados", disse Caitlin Hayden, porta-voz da Casa Branca, em comunicado.

CONSELHO DE SEGURANÇA

Uma nova reunião entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova York, terminou mais uma vez sem um consenso na tarde desta quinta-feira.

Outro encontro realizado ontem teve o mesmo desfecho, depois que a Rússia atravancou os debates sobre uma possível intervenção militar em reposta ao ataque com armas químicas ocorrido na semana passada.

Segundo diplomatas envolvidos, quem convocou a reunião de hoje foi a Rússia, aliada do ditador sírio Bashar al-Assad. A conversa aconteceu novamente a portas fechadas. Ao final da reunião, os participantes deixaram a sala sem comentar.

Estados Unidos, França e Reino Unido são favoráveis à intervenção. China e Rússia, que já vetaram resoluções anteriores, se opõem, dizendo que não há provas de que o ataque foi cometido pelo regime sírio.

INVESTIGAÇÃO

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, informou hoje que a equipe que investiga o uso de armas químicas na Síria deverá voltar de Damasco na manhã de sábado (31). No mesmo dia, deverão apresentar dados preliminares sobre as pesquisas na área de um suposto ataque na periferia da capital síria.

Os inspetores entraram no terceiro dia de visitas à região de Ghouta, onde os rebeldes afirmam que houve um bombardeio com gás venenoso no dia 21. Na quarta, o grupo recolheu amostras de sangue e terra, além de visitar um hospital de campanha e conversar com médicos e supostas vítimas do ataque químico.

Moscou pediu que os observadores da ONU visitem também outros três lugares onde também há acusações de armas químicas. O porta-voz da Chancelaria russa, Alexander Lukashevich, disse que a equipe também deve inspecionar em Khan al Assal, na Província de Aleppo, no norte do país.

Ele afirmou que as autoridades sírias e a organização concordaram em aumentar a missão para que haja as inspeções nas áreas estabelecidas no acordo com o regime sírio que permitiu a visitação da Síria, há duas semanas.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

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