Folha de S. Paulo


Reino Unido considera legal ação na Síria mesmo sem aval da ONU

O Reino Unido disse nesta quinta-feira que seria legal uma intervenção militar na Síria mesmo sem a autorização da ONU. Em documento, o governo britânico considera que a ação armada teria caráter humanitário e estaria de acordo com a legislação internacional.

Os britânicos, junto com americanos e franceses, disseram nesta semana que estão prontos para agir na Síria em retaliação ao regime de Bashar al-Assad, a que acusam de comandar um ataque de armas químicas na periferia de Damasco, no último dia 21.

Ditador sírio diz que se defenderá de qualquer agressão estrangeira
Moscou e Londres reforçam efetivo militar, à espera de ataque à Síria

A oposição afirma que 1.300 pessoas morreram na ação, enquanto a organização Médicos sem Fronteiras cifra as mortes em 355. O regime sírio nega a ação e apresentou à ONU na quarta um documento com provas que incriminariam os rebeldes, que acusam os rebeldes de terem feito todos os ataques químicos.

Na nota, divulgado pelo gabinete britânico, a base legal para um ataque seria uma ação humanitária para evitar novos ataques com armas químicas no país. "Estaria permitido que o Reino Unido adotasse medidas excepcionais, incluindo a intervenção a fim de aliviar o sofrimento arrasador na Síria".

Londres também preparou um relatório do comitê parlamentar de Inteligência que concluiu pela participação da Assad no ataque na semana passada e determinou que é "altamente provável" que o regime de Bashar al Assad tenha sido o "responsável".

Segundo o Executivo britânico, "há alguns dados de (dos serviços de) inteligência que sugerem a culpabilidade do regime" de Assad, pois "nenhum grupo da oposição tem a capacidade para realizar um ataque químico desta escala".

VOTAÇÃO

A proposta foi detalhada pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, em sessão no Parlamento nesta quarta-feira. Os legisladores deverão votar, por volta das 21h locais (18h em Brasília), a autorização para intervir na Síria.

No entanto, a expectativa é que a medida não seja aprovada. O Partido Trabalhista, que faz oposição ao primeiro-ministro David Cameron, pediu que a ação seja referendada apenas após a apresentação do relatório dos inspetores da ONU, a ser revelado no sábado (31).

Ontem, o presidente americano, Barack Obama, disse que não havia decidido sobre o ataque ao regime sírio. Desse modo, a expectativa é que a intervenção militar só ocorra na próxima semana, mesmo com veto da Rússia no Conselho de Segurança da ONU.

Mesmo com o impasse no Parlamento, os britânicos enviaram à sua base no Chipre seis caças Typhoon. Em nota, o Ministério da Defesa descartou, no entanto, que as aeronaves sejam usadas para uma intervenção na Síria. Londres havia enviado outros aviões à região na terça.

Mais cedo, o ditador sírio, Bashar al-Assad, disse que o país está pronto para uma agressão estrangeira. "As ameaças de agressão direta contra a Síria vão aumentar nosso comprometimento com os princípios fortemente enraizados e a vontade independente do nosso povo".


Endereço da página:

Links no texto: