Folha de S. Paulo


Ditador sírio diz que se defenderá de qualquer agressão estrangeira

O ditador da Síria, Bashar al-Assad, disse nesta quinta-feira que suas tropas se defenderão de uma agressão estrangeira, em meio a informações de que os países ocidentais preparam uma ação militar para retaliar seu regime pelo suposto uso de armas químicas.

As forças aliadas ao mandatário são acusadas pelos rebeldes e pelos países ocidentais de lançar um ataque com gás venenoso no último dia 21, na região de Ghouta, na periferia de Damasco. A oposição afirma que 1.300 pessoas morreram na ação, enquanto a organização Médicos sem Fronteiras cifra as mortes em 355.

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Assad fez as declarações ao receber uma delegação iemenita. "As ameaças de agressão direta contra a Síria vão aumentar nosso comprometimento com os princípios fortemente enraizados e a vontade independente do nosso povo. A Síria vai se defender diante de qualquer agressão".

Mais cedo, o jornal libanês "Al Akbar", vinculado ao grupo radical Hizbullah, informou que o ditador sírio disse que sairá vencedor em uma intervenção estrangeira. Em um encontro com membros de gabinete do governo, disse que é histórico o combate com países ocidentais, que teria chamado de "nosso verdadeiro inimigo".

O regime sírio nega as acusações dos rebeldes de uso de armas químicas e apresentou na quarta documentos que apontam a responsabilidade dos insurgentes na ação aos inspetores da ONU que estão em Damasco. Os agentes internacionais deverão entregar o relatório sobre a denúncia do ataque no próximo sábado (31).

ORIENTE MÉDIO

Nesta quinta, o governo interino do Egito afirmou que se opõe fortemente a uma intervenção militar na Síria e que não participaria da ação. No entanto, pediu ao Conselho de Segurança da ONU que investigue a fundo a acusação do uso de armas químicas, a que chamou de "crime horrível".

Já o presidente de Israel, Shimon Peres, qualificou o ataque na periferia de Damasco como um "crime contra a humanidade". "Como tal, o mundo responsável está se unindo para agir. A Síria cruzou uma fronteira moral. Todo mundo viu as imagens das crianças sírias mortas".

Em reunião com o rei da Jordânia, Abdullah 2º, o papa Francisco voltou a defender o diálogo entre os sírios como "a única opção para dar fim ao conflito". A guerra civil na Síria começou em março de 2011 e, segundo a ONU, já deixou mais de 100 mil mortos e cerca de 3 milhões de refugiados.

Diante da possibilidade de ataque ocidental, o Líbano, que recebeu 700 mil sírios nos últimos dois anos, prepara um novo campo de refugiados na fronteira, a fim de acolher mais cidadãos do país vizinho.


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