Folha de S. Paulo


Moscou e Londres reforçam efetivo militar, à espera de ataque à Síria

A Rússia e o Reino Unido reforçaram nesta quarta-feira seus efetivos militares no mar Mediterrâneo, em meio à expectativa de uma intervenção militar na Síria. Os países ocidentais pretendem retaliar o regime de Bashar al-Assad pelo uso de armas químicas.

Estados Unidos, França e os britânicos disseram na terça (27) que estão preparados para intervir na Síria, embora o ataque não deva acontecer nesta semana. Na quarta (28), o presidente americano, Barack Obama, disse que ainda não decidiu sobre a ação armada e considerou que esta deva ser limitada.

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Nesta quinta, o Parlamento britânico votará o apoio ao ataque no país árabe, mas a medida não deverá ser aprovada. O Partido Trabalhista, que faz oposição ao primeiro-ministro David Cameron, pediu que a ação seja referendada apenas após a apresentação do relatório dos inspetores da ONU, a ser revelado no sábado (31).

Mesmo com o impasse no Parlamento, os britânicos enviaram à sua base no Chipre seis caças Typhoon. Em nota, o Ministério da Defesa descartou, no entanto, que as aeronaves sejam usadas para uma intervenção na Síria. Londres havia enviado outros aviões à região na terça.

Mais cedo, a agência de notícias Interfax disse que a Rússia, aliada do regime sírio, mandou dois navios de guerra ao Mediterrâneo e anunciou a chegada de um navio antisubmarino e um interceptador de mísseis nos próximos dias. Moscou se opõe à intervenção e disse que vetará qualquer resolução contra Assad na ONU.

O reforço russo acontece em meio ao crescimento da força ocidental na região do Mediterrâneo e de rumores de que os países ocidentais poderiam atacar a Síria com mísseis instalados em navios e na base da Otan na Turquia. A imprensa americana afirma que a ação durará dois dias e atingirá instalações militares sírias.

ONU

Nesta quinta, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, informou que a equipe que investiga o uso de armas químicas na Síria deverá voltar de Damasco na manhã de sábado (31). No mesmo dia, deverão apresentar dados preliminares sobre as pesquisas na área de um suposto ataque na periferia da capital síria.

Os inspetores entraram no terceiro dia de visitas à região de Ghouta, onde os rebeldes afirmam que houve um bombardeio com gás venenoso no dia 21. Na quarta, o grupo recolheu amostras de sangue e terra, além de visitar um hospital de campanha e conversar com médicos e supostas vítimas do ataque químico.

Opositores afirmam que cerca de 1.300 pessoas foram mortas, enquanto a entidade Médicos sem Fronteiras fala em 355 mortes, dentre 3.600 civis sírios que foram internados. O regime sírio nega a ação e apresentou à ONU na quarta um documento com provas que incriminariam os rebeldes.


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