Folha de S. Paulo


Otan diz que ataque químico da Síria não pode ficar sem resposta

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse nesta quarta-feira que tem informações de várias fontes provando que o regime de Bashar al-Assad é o responsável pelo uso de armas químicas na Síria. Para ele, o uso das armas é "inaceitável e não pode ficar sem resposta".

As declarações da aliança ocidental acontecem após Estados Unidos, Reino Unido e França, que são membros da união, anunciarem que estão prontos para uma ação armada na Síria, em represália ao ataque químico na periferia de Damasco, na semana passada. O governo sírio atribui o ataque a rebeldes.

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Opositores afirmam que cerca de 1.300 pessoas foram mortas, enquanto a entidade Médicos sem Fronteiras fala em 355 mortes, dentre 3.600 civis sírios que foram internados. Em comunicado, o chefe da Otan afirmou que a aliança militar manterá a situação na Síria "sob atenta análise".

"Esta é uma clara violação das normas e práticas internacionais de longa data. Os responsáveis devem prestar contas", disse ele em comunicado, sem comentar sobre que tipo de resposta deve ser dado.

Ele justifica sua acusação ao regime sírio dizendo que são as tropas de Bashar al-Assad as responsáveis por tomar conta dos arsenais de armas químicas e, por isso, está por trás dos ataques. Rasmussen afirmou que a Otan continuará a operar as baterias antiaéreas instaladas na fronteira da Turquia desde dezembro.

Assim como os Estados Unidos, principal financiador da entidade, a Otan já havia dito que o uso das armas químicas era um limite no conflito que, se ultrapassado, abriria caminho à ação armada. A aliança ocidental já está envolvida na guerra no Afeganistão e foi responsável pela intervenção na Líbia, em 2011.

INTERVENÇÃO

Mais cedo, o Reino Unido enviou um projeto de resolução ao Conselho de Segurança para dar aval à ação armada na Síria. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que o texto "condena o ataque com armas químicas de Assad e autoriza as medidas necessárias para proteger civis".

O documento, no entanto, deverá ser vetado pela Rússia, aliada do regime sírio, e a China. Em entrevista à agência de notícias Interfax, o vice-chanceler russo, Vladimir Titov, mostrou a oposição russa à proposta e desaconselhou o debate do tema até que seja apresentado o relatório dos inspetores que estão em Damasco.

"Debater sobre uma reação do Conselho de Segurança antes que os inspetores apresentem seu relatório é, para não dizer muito, pouco prematuro".

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que os inspetores deverão levar mais quatro dias para avaliar o caso, pelo que o relatório final sobre as acusações do uso de armas químicas na Síria deverá sair no domingo (1º).

No entanto, Estados Unidos, Reino Unido e França já anunciaram que podem agir mesmo sem autorização da ONU.


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