Folha de S. Paulo


Damasco envia à ONU provas que ligariam rebeldes a ataque químico

O regime sírio apresentou nesta quarta-feira ao Conselho de Segurança da ONU uma série de documentos que, segundo Damasco, provam que os rebeldes foram os responsáveis pelo suposto ataque químico na periferia da capital síria, na semana passada.

Os ativistas acusaram as tropas aliadas ao ditador Bashar al-Assad de ter feito o bombardeio na região de Ghouta, ao sul de Damasco. Os opositores afirmam que mais de 1.300 pessoas foram mortas na ação. Já a organização Médicos Sem Fronteiras dizem que foram atendidos 3.600 civis, sendo que 355 morreram.

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As provas foram entregues aos inspetores da ONU que investigam o uso de armas químicas no país pelo vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faisal al-Maqdad, no hotel em que eles estão hospedados na capital síria.

Em entrevista, Maqdad acusou Estados Unidos, Reino Unido e França de ajudarem os "grupos terroristas armados" a usar gás sarin em todos os locais dos supostos ataques, incluindo aqueles denunciados pelos opositores. Ele afirma que os mesmos grupos vão em breve atacar a Europa com essas armas.

"Nós repetimos que grupos terroristas são aqueles que usaram (armas químicas) com a ajuda dos Estados Unidos, Reino Unido e França, e isso tem que parar. Isso significa que essas armas químicas serão usadas em breve pelos mesmos grupos contra o povo da Europa", acrescentou.

INTERVENÇÃO

Os três países a quem o regime sírio acusa de ajudar os rebeldes a fazer os ataques químicos afirmaram na terça (27) que estão prontos para uma intervenção militar no país árabe. Mais cedo, o Reino Unido enviou um projeto de resolução ao Conselho de Segurança para dar aval à ação armada na Síria.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que o texto "condena o ataque com armas químicas de Assad e autoriza as medidas necessárias para proteger civis". O documento, no entanto, deverá ser vetado pela Rússia, aliada do regime sírio, e a China.

Em entrevista à agência de notícias Interfax, o vice-chanceler russo, Vladimir Titov, mostrou a oposição russa à proposta e desaconselhou o debate do tema até que seja apresentado o relatório dos inspetores que estão em Damasco.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que os inspetores deverão levar mais quatro dias para avaliar o caso, pelo que o relatório final sobre as acusações do uso de armas químicas na Síria deverá sair no domingo (1º).

No entanto, Estados Unidos, Reino Unido e França já anunciaram que podem agir mesmo sem autorização da ONU.


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