Folha de S. Paulo


Reino Unido pedirá aval da ONU para intervenção militar na Síria

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou que o Reino Unido pedirá aval do Conselho de Segurança da ONU a uma intervenção militar na Síria. A proposta será apresentada ainda nesta quarta-feira (28), em Nova York.

A medida é divulgada em meio aos anúncios de que os britânicos, os franceses e os americanos estariam prontos para uma intervenção militar na Síria, em represália contra o uso de armas químicas. A aplicação do armamento foi a condição imposta pelo presidente americano, Barack Obama, para uma ação armada.

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De acordo com o premiê, o texto "condena o ataque com armas químicas de al-Assad e autoriza as medidas necessárias para proteger civis". Na prática, isso daria respaldo a um ataque aéreo ao país nos próximos dias.

Para que a resolução seja aprovada, é preciso haver unanimidade entre os cinco membros permanentes do conselho. Além do Reino Unido, os Estados Unidos e a França devem apoiar uma ação militar imediata.

No entanto, Rússia e China podem exercer o direito de veto. Em outras ocasiões, os dois países barraram a votação de resoluções críticas ao regime de Bashar al-Assad.

Ao anunciar a consulta à ONU, Cameron se antecipa à oposição trabalhista, que estava disposta a cobrar o aval da entidade amanhã, durante sessão extraordinária no Parlamento que discutirá a crise na Síria.

Na noite de terça-feira, o primeiro-ministro conversou sobre o assunto com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O diálogo, confirmado por Downing Street, sugere que a Casa Branca deu respaldo à estratégia de levar o caso às Nações Unidas.

ONU

Nesta quarta, integrantes da ONU pediram que o projeto de intervenção seja submetido ao Conselho de Segurança. O secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, solicitou união dos membros do grupo para atuar pela paz na Síria e disse que este é o momento mais grave do conflito.

Ele voltou a pedir uma solução diplomática à guerra civil, que já dura mais de dois anos. Já o enviado especial à Síria, Lakhdar Brahimi, afirmou que uma ação militar na Síria precisa do aval da ONU, assim como previsto na lei internacional.

Em conversa com Brahimi, o chanceler russo, Sergei Lavrov, voltou a dizer que uma ação armada só agravará a situação no país árabe. Para Moscou, as tentativas de uso da força desestabilizarão ainda mais o país e o Oriente Médio.

A hipótese de ação armada surgiu nesta semana após a acusação rebelde de um ataque militar com armas químicas contra civis na região de Ghouta, área ao lado da capital síria dominada pelos opositores. Segundo ativistas, cerca de 1.300 pessoas morreram.

Já a organização Médicos Sem Fronteiras afirma que 3.600 pessoas foram atendidas com problemas neurológicos causados por intoxicação, sendo que 355 morreram. A ação aconteceu três dias após a chegada dos inspetores da ONU a Damasco para verificar denúncias de armas químicas.

O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse na terça (27) que os Estados Unidos têm provas do ataque e que pretende apresentá-las ainda esta semana.

Com informações das agências de notícias.


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