Folha de S. Paulo


França diz estar pronta para punir regime por ataque químico na Síria

O presidente da França, François Hollande, disse nesta terça-feira que está pronta para punir os responsáveis pelo suposto ataque químico na periferia de Damasco, na Síria. O mandatário acusou o regime de Bashar al-Assad pela ação e disse que pode aumentar seu apoio militar à oposição síria.

Os franceses avaliam, junto com americanos e britânicos, uma intervenção militar na Síria após a acusação rebelde de um ataque militar com armas químicas contra civis na região de Ghouta, área ao lado da capital síria dominada pelos opositores. Segundo ativistas, cerca de 1.300 pessoas morreram.

Síria corre risco de fragmentação territorial, diz historiador americano
Liga Árabe diz que Assad teve 'inteira responsabilidade' em ataque na Síria
Cameron volta de férias e convoca Parlamento para avaliar ataque à Síria

Já a organização Médicos Sem Fronteiras afirma que 3.600 pessoas foram atendidas com problemas neurológicos causados por intoxicação, sendo que 355 morreram. A ação aconteceu três dias após a chegada dos inspetores da ONU a Damasco para verificar denúncias de armas químicas.

"O mundo está espantado depois da confirmação da utilização de armas químicas na Síria. Tudo faz crer que foi o regime que cometeu esse ato abjeto que o condena definitivamente ante os olhos do mundo", declarou Hollande.

Para o mandatário, a comunidade internacional tem a responsabilidade de responder de forma apropriada ao ataque e lamentou a propagação do conflito. "Nossa responsabilidade é buscar a resposta mais apropriada às atrocidades do regime sírio e a França está disposta a castigar quem tomou essa decisão infame".

O francês ainda anunciou o aumento da ajuda à Coalizão Nacional Síria, o principal grupo rebelde, embora não comentou que tipo de ajuda fornecerá. Em junho, o país europeu pressionou a União Europeia a aprovar a liberação do fornecimento de armas aos insurgentes, embora não as tenha enviado até o momento.

REINO UNIDO

Com o pronunciamento de Hollande, Reino Unido, França e Estados Unidos confirmam suas intenções de fazer uma ação militar contra a Síria. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, levará a questão na próxima quinta (29) ao Parlamento para que seja avaliada.

Em entrevista nesta terça, ele afirmou que a intervenção militar deve ser uma repressão ao regime sírio pelo uso de armas químicas e não um conflito mais longo. "O uso de armas químicas na Síria é um erro e qualquer resposta deve ser legal, proporcional e planejada para controlar horrores futuros similares".

Mais cedo, o secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, afirmou que as Forças Armadas estão prontas para um ataque se o presidente Barack Obama optar por isso. "Estamos prontos para atuar. Deslocamos recursos para cumprir e acatar qualquer opção que o presidente deseje realizar", declarou Hagel.

Segundo o jornal "Washington Post", Obama planeja uma ação rápida na Síria, destinada a ser uma punição ao regime de Bashar al-Assad para o uso de armas químicas. Integrantes do governo americano ouvidos pela publicação afirmam que Washington não deseja se envolver muito no conflito.

Os funcionários afirmam que esse ataque não deve durar mais de dois dias e envolverá mísseis, que seriam lançados de navios e bases no mar Mediterrâneo. Os alvos seriam instalações militares não relacionadas com os depósitos de armas químicas.

O ataque só seria autorizado após a liberação de um informe da inteligência americana sobre o uso de armas químicas pelo regime sírio, consulta a países aliados e ao Congresso e a determinação de uma justificativa pela lei internacional.

Com a possibilidade de veto da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, a decisão sobre a intervenção deverá ser tomada pela Otan, assim como na ação à antiga Iugoslávia no conflito de Kosovo, em 1999, e mais recentemente no caso da Líbia, há dois anos.


Endereço da página:

Links no texto: