Folha de S. Paulo


Tony Blair defende ação na Síria e chama ditador de 'brutal'

O ex-premiê britânico Tony Blair afirmou nesta terça-feira (27) que os países ocidentais não devem ter medo de agir contra o regime do ditador sírio Bashar al-Assad. Ele afirmou que o temor de repetir as guerras no Iraque e no Afeganistão não pode impedir uma reação ao possível uso de armas químicas contra civis.

As declarações abrem caminho para que a oposição trabalhista apoie os planos do premiê David Cameron, do Partido Conservador, de participar de uma intervenção militar na Síria. O assunto será debatido em sessão extraordinária do Parlamento nesta quinta-feira.

"A política do Ocidente está numa encruzilhada: comentar ou agir, moldar os acontecimentos ou reagir a eles", afirmou Blair, em artigo publicado no jornal londrino "The Times".

"Após as longas e dolorosas campanhas no Iraque e no Afeganistão, eu entendo todo impulso para ficar longe da confusão, para assistir e não intervir. Mas nós temos que entender as consequências de apenas nos preocuparmos em vez de agir."

Blair afirmou que a omissão dos aliados pode transformar a Síria num país "atolado numa carnificina entre a brutalidade de al-Assad e de várias organizações ligadas à Al Qaeda, um terreno fértil para o terrorismo e mais perigoso que o Afeganistão dos anos 90".

Em outra passagem, o trabalhista fez referência direta aos ataques de 11 de Setembro em Nova York, organizados com apoio do regime taleban que controlava o Afeganistão.

Em 2003, Blair foi um dos alvos da onda de protestos contra a Guerra do Iraque, que ele apoiou. Só em Londres, uma multidão entre 700 mil e 1 milhão foi às ruas de Londres contra a ação militar liderada pelo então presidente dos EUA, George W. Bush.

EGITO

No artigo do "Times" nesta terça-feira, o ex-premiê também voltou a defender o golpe militar no Egito que derrubou o presidente Mohamed Morsi. Segundo o trabalhista, a Irmandade Muçulmana representava uma "ameaça à democracia".

"Você pode criticar corretamente as ações e excessos do novo governo militar, mas é difícil criticar a intervenção que os levou ao poder", escreveu. Para Blair, é preciso apoiar o novo governo na tarefa de "estabilizar o país" e conduzir um processo curto até a realização de novas eleições.


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