Folha de S. Paulo


EUA adiam reunião sobre ataque químico e são criticados por Moscou

O Departamento de Estado americano adiou na noite de segunda-feira uma reunião com a Rússia para avaliar as denúncias de ataque químico na Síria. A mudança de data foi criticada por Moscou, que pediu prudência a Washington para uma ação militar no país árabe.

O adiamento do encontro acontece após o secretário de Estado americano, John Kerry, dizer que há provas de que o regime de Bashar al-Assad usou armas químicas contra opositores. Com o reconhecimento, espera-se que os Estados Unidos possam fazer uma intervenção no conflito nos próximos dias.

Segundo membros da diplomacia americana, a reunião foi adiada devido a consultas em andamento sobre a possibilidade de uma ação militar. A intervenção seria uma resposta ao suposto ataque químico na periferia de Damasco, na última quarta (21), que deixou centenas de mortos, segundo os rebeldes.

Os diplomatas dos Estados Unidos dizem que consultarão Moscou sobre a nova data do encontro. Em seguida, o Kremlin, que é aliado de Assad e acusa os rebeldes de terem feito o ataque, lamentou a decisão americana, que considerou "uma grande decepção".

"Trabalhar os parâmetros políticos para uma resolução na Síria seria extremamente útil agora, quando a ameaça de força [militar] paira sobre este país", disse o vice-chanceler russo, Gennady Gatilov.

Moscou ainda pediu prudência e respeito ao direito internacional a Washington sobre a decisão de fazer uma intervenção militar que, para ele, teria "consequências catastróficas" para os países do Oriente Médio e do norte da África.

"As tentativas de usar o Conselho de Segurança (da ONU), de criar mais uma vez pretextos artificiais e sem fundamentos para uma intervenção militar na região causarão mais sofrimento na Síria e terão consequências catastróficas para os outros países do Oriente Médio e do norte da África".

A reunião deveria tratar da organização de uma conferência internacional sobre a Síria "com o objetivo de acabar rapidamente com a violência e iniciar o processo para uma solução política do conflito", explica a nota oficial.

A Rússia, aliada do regime do presidente sírio Bashar al-Assad, já havia advertido na segunda-feira contra uma intervenção militar sem o aval do Conselho de Segurança da ONU, algo que seria "perigoso" e constituiria "uma violação ilegal do direito internacional".


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