Folha de S. Paulo


Itamaraty abrirá inquérito para investigar vinda de senador boliviano

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil abrirá inquérito para investigar a saída do senador boliviano Roger Pinto Moliina de La Paz e a sua entrada no território brasileiro, realizada na noite de sábado.

Por meio de nota, o Itamaraty informou que está reunindo informações sobre as circunstâncias da viagem feita por Molina e que "tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis".

O encarregado de negócios do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia, será chamado a Brasília para esclarecimentos. Para poder se dedicar ao caso, o chanceler Antonio Patriota adiou uma viagem que faria à Finlândia.

Molina, que é opositor do presidente Evo Morales, estava asilado na embaixada brasileira em La Paz há mais de um ano. Ele é acusado de corrupção.

Martín Alipaz/Efe
O senador boliviano Roger Pinto Molina, em foto de arquivo
O senador boliviano Roger Pinto Molina, em foto de arquivo

O governo da Bolívia considera que o senador fugiu de seu país como um "criminoso" e diz que espera uma explicação oficial do Brasil sobre os detalhes do ocorrido.

"Essa fuga, obviamente, tem que ser explicada e informada pelo governo brasileiro. Não sabemos exatamente como foi feita", disse à imprensa o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.

VIAGEM

O senador boliviano deixou a embaixada em um veículo oficial brasileiro escoltado por soldados, segundo o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro, Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

A viagem de La Paz até Corumbá (MS) teria durado 22 horas. De lá, Molina pegou um avião particular até Brasília.

O governo boliviano sempre se negou a conceder o salvo-conduto necessário para que Molina pudesse deixar vir ao Brasil, com o argumento de que ele não é um perseguido político, mas um acusado de corrupção.

"Molina fugiu como um criminoso comum, como um delinquente que foge da prisão de Chonchocoro ou da prisão de São Pedro (ambas em La Paz)", acrescentou o ministro Quintana.

Quintana disse que entende que o próximo passo é pedir que a promotoria da Bolívia acione uma ordem de prisão na Interpol.


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