Folha de S. Paulo


Rússia critica Europa por fazer pressão para intervenção militar na Síria

A Rússia criticou a Europa nesta sexta-feira por pressionar a ONU para que autorize uma intervenção militar na Síria, após acusações de rebeldes de que o regime de Bashar al-Assad teria feito um ataque com armas químicas na periferia de Damasco.

Reino Unido e França acusaram o ditador de estar por trás do ataque baseado em provas e relatos de fontes que não foram reveladas. Na quarta (21), a oposição síria denunciar o uso de um gás que afeta o sistema nervoso em quatro cidades ao leste da periferia de Damasco, área que é dominada por rebeldes.

Segundo os insurgentes, o regime de Bashar al-Assad bombardeou a área com um gás que causou a morte de centenas de pessoas. Damasco nega a acusação e afirma que as alegações contra suas forças são "ilógicas e fabricadas".

Para o Ministério de Relações Exteriores russo, a pressão exercida pelos países europeus através dos pedidos à ONU é inaceitável. Moscou afirma que há "indícios claros" de uma "provocação" dos opositores e que eles se negam a dar acesso dos inspetores da ONU à região atingida.

Como provas, os russos acusam os rebeldes de divulgarem os vídeos de internet e as fotos que dizem provar o ataque antes da operação que dizem ter lançado o gás químico. "Os rebeldes claramente impedem uma investigação objetiva sobre o uso de armas químicas na Síria".

REINO UNIDO

A declaração russa foi feita minutos após o Reino Unido voltar a acusar o regime de Bashar al-Assad de terem feito o ataque químico, que, se comprovado, aconteceu três dias após a chegada dos inspetores da ONU a Damasco, em uma missão para verificar denúncias de armas químicas.

Para o chanceler William Hague, não há outra explicação plausível para a morte de centenas de pessoas no mesmo local em um curto espaço de tempo. "Nós acreditamos que isso foi um ataque em larga escala do regime de Assad. As chances de que ele tenha sido realizado pelos rebeldes são muito pequenas".

O britânico se somou ao coro feito por seu colega francês, Laurent Fabius, a uma intervenção militar caso seja comprovado o uso do armamento pelo regime sírio. Na quinta (22), Paris sugeriu que participaria da invasão mesmo se não fosse aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU.

A convocação de tropas das Nações Unidas ao país provavelmente seriam impedidas por Rússia e China, que já vetaram sanções anteriores a Damasco. Nesta sexta, Pequim defendeu a investigação das suspeitas de armas químicas e a retomada das negociações entre rebeldes e Assad.


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