Folha de S. Paulo


Enviado da ONU retoma preparativos de conferência sobre Síria

A equipe do enviado especial da ONU à Síria, Lakhdar Brahimi, retomou nesta sexta-feira os preparativos para uma conferência que pretende dar um rumo à transição política na Síria. A volta da discussão sobre o evento acontece dois dias após rebeldes denunciarem um ataque químico na periferia de Damasco.

A conferência sobre Síria é negociada desde abril, quando o secretário de Estado americano, John Kerry, se reuniu com o chanceler russo, Sergei Lavrov. No entanto, os preparativos para o encontro ficaram em ritmo lento nos últimos meses, após o regime de Bashar al-Assad ganhar terreno sobre os rebeldes.

A intenção inicial de Kerry, Lavrov e Brahimi é que o evento ocorresse em maio, em Genebra, seguindo outra reunião sobre a transição síria que ocorreu em junho do ano passado. No entanto, as exigências do regime sírio e a incapacidade dos rebeldes de nomear uma liderança protelaram a conferência deste ano.

Nesta sexta-feira, a porta-voz do enviado especial, Khawla Mattar, disse que a equipe voltou à cidade suíça para fazer os preparativos da conferência. A representante afirma que, para Brahimi, a denúncia do ataque químico demonstra a urgência de realizar o encontro para tratar da transição síria.

"Brahimi pensa que a recente escalada [do conflito] e sua gravidade, o que aconteceu perto de Damasco, deve dar um tom de urgência à Convenção de Genebra 2 [nome dado ao encontro]", disse Khawla.

A equipe que se instalou em Genebra é composta por dez funcionários que até agora trabalhavam no Cairo. A missão do enviado especial também tem um escritório em Damasco com o mesmo número de funcionários, que viajam para o interior do país sempre que a situação de segurança permite.

Ela afirma que o enviado especial pode convocar uma reunião entre ele e representantes de Estados Unidos e Rússia para adiantar os preparativos e tentar fixar uma data definitiva. Caso aprovado, o encontro seria o quarto para preparar a conferência desde a proposição do evento, em abril.

ATAQUE QUÍMICO

Brahimi se pronunciou pela primeira vez sobre o ataque químico na Síria e disse que a acusação "enfatiza a importância dessa crise e o perigo que ela representa, não só para a população local e a região, mas para todo o mundo".

O diplomata argelino substituiu o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan como enviado especial ao país em setembro do ano passado. Em quase um ano de mandato, seu trabalho teve pouca repercussão e resultado, principalmente pela dificuldade de acordo entre a oposição síria e o regime de Bashar al-Assad.

Brahimi também enfrentou a divisão no Conselho de Segurança da organização, em que Rússia e China vetam medidas contra o regime de Bashar al-Assad colocadas pelos Estados Unidos, Reino Unido e França, aliados dos rebeldes.

O impasse reduziu a importância do enviado especial, que foi chamado para tentar mediar um conflito que já deixou mais de 100 mil mortos, segundo a ONU.


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