Folha de S. Paulo


Obama pede que se esclareçam denúncias de ataque químico na Síria

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que a comunidade internacional precisa saber mais sobre a acusação de ataque químico na Síria e pediu que Damasco autorize a investigação. Questionado sobre uma intervenção internacional, descartou que a ação militar possa dar fim ao conflito sectário.

As declarações foram exibidas pela rede de televisão CNN nesta sexta-feira, dois dias após a oposição síria denunciar a ocorrência de um ataque químico em quatro cidades ao leste da periferia de Damasco, área que é dominada por rebeldes.

Segundo os insurgentes, o regime de Bashar al-Assad bombardeou a área com um gás que causou a morte de centenas de pessoas. Damasco nega a acusação e afirma que as alegações contra suas forças são "ilógicas e fabricadas".

Na entrevista, Obama afirmou que está em contato com a comunidade internacional para pressionar por uma investigação dos observadores da ONU, no país desde domingo (18). "O que vimos indica que é claramente um grande evento, de muita preocupação, e estamos em contato com toda a comunidade internacional".

Ele não comentou se pretende fazer uma intervenção militar no país, como prometeu caso fosse provado o uso do armamento. No entanto, descartou que a ação de tropas americanas fosse a solução, já que, além da guerra civil, o país está imerso em um conflito sectário.

"A noção de que os EUA podem de alguma forma resolver um complexo problema sectário dentro da Síria algumas vezes é exagerada."

RÚSSIA

Pouco antes da divulgação da entrevista, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o chanceler russo, Sergei Lavrov, concordaram no pedido de uma investigação objetiva da ONU sobre a denúncia de ataque químico na Síria, desde que os inspetores que estão no país tenham acesso seguro à região.

Em nota divulgada pelo governo russo, Moscou defende que os rebeldes que dominam a área devem "garantir a segurança" dos inspetores. "O lado russo pediu ao governo sírio a cooperação com os peritos químicos da ONU. Cabe agora à oposição, que deve garantir o acesso seguro para a missão ao alegado local do incidente".

Moscou e Washington têm muitas vezes tomado posições opostas sobre a Síria, mas o ministério russo disse que o chanceler Sergei Lavrov e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, haviam concordado sobre a necessidade de uma investigação independente durante um telefonema na quinta-feira.

Na quarta (21), os russos acusaram os rebeldes de terem feito a ação, dizendo que foram eles que lançaram os foguetes com o agente químico que provocou as mortes. Já os americanos acreditam que os insurgentes não têm capacidade de operar esse tipo de armamento.

As divergências entre os dois países limitaram a ação do Conselho de Segurança da ONU no conflito sírio e contribuíram para que ele tomasse maiores proporções. Segundo as Nações Unidas, pelo menos 100 mil pessoas morreram no país em mais de dois anos de conflito.


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